HIENA, A TOUPEIRA E O LEÃO
HIENA, A TOUPEIRA E O LEÃO reeditado
Numa fria manhã chuvosa, abrigados em uma toca abandonada, mantinham diálogo uma hiena e uma toupeira.
- Estou tendo problemas com o tatu e com o coelho - fala a toupeira.
- O tatu outro dia com essa furação de terra me provocou um desabamento em casa ao fugir de uma onça e quando se viu a salvo, além de não pedir desculpas devorou minhas provisões de inverno, aproveitando-se da minha ausencia. Vou procura-lo para que me pague o prejuízo.
- Isso mesmo toupeira, esse tatu não pode meter a fuça onde bem entende. - Solidariza-se a hiena.
- Já o coelho - Prossegue a toupeira - surrupiou cenouras de alguma horta e estocou bem no buraco novo que fiz para abrigar a toupeirinha,que está para nascer e por isso quero também ve-lo para fazer com que retire de lá suas cenouras não sem uma boa carraspana, ora pois!!
Metida em preocupações próprias, a hiena olha para o céu vendo que a chuva iria demorar a passar e diz a toupeira:
- Seus problemas são menores que os meus toupeira, pois essa minha natureza de sair rindo por aí tem me transformado num bicho impopular e não raro me trás consequências desagradáveis e ao tentar explicar ao animal ofendido, ele irrita-se com o aspecto rizonho que mantenho, o que faz com que ele interprete tudo como zombaria e para evitar uma surra tenho que bater em retirada.
- E o senso de humor de alguns como a onça, o gorila e o rinoceronte não é apurado o suficiente para te entender, hiena.
- É verdade toupeira veja você que outro dia mesmo, perto de uma embaúba, me vi atacado por um bando de andorinhas por estar por ali na hora que um pretenso namorado foi rejeitado e este me viu e achando que eu estava achando tudo engraçado me atacou sendo seguido pelos solidários colegas numa bicação que até hoje me doi a carcaça.
- Que coisa - lamenta a toupeira.
- Depois foi no caminho do rio, me vi em maus lençóis quando um gorila disse para o filhote que este seria forte e destemido e que todos na floresta negra iriam respeita-lo.
- E dai? - pergunta a toupeira.
- E dai? por razões que nada tinha haver com aqueles dois me vi num acesso de riso incontrolável e tive que subir correndo um morro com a facilidade de quem corre numa reta para fugir de ser entrangulado pelo gorila. a sorte e que ele nunca foi bom para correr, o que me salvou de uma tremenda coça. Ufa!. É por isso que eu tenho sido vitimada pela minha natureza de rir sem razão aparente e na hora errada. Ah! como eu gostaria de me livrar de tão feio hábito.
A toupeira vendo o sofrimento da hiena propõe a ela uma idéia quase luminosa para tentar amenizar o mal.
- E se você deixasse para rir apenas quando estivesse só? sem ninguém por perto para te ver rindo?
- É mesmo mas como? sempre tem alguém por perto.
- Mas ai você se afasta, esconde dentro de uma caverna ou um tronco ôco de árvore.
- Boa idéia farei isso toupeira, - Disse a hiena olhando para o céu que havia clareado e a chuva havia cessado. - até logo.
- Até logo hiena.
E sai a hiena para o bosque das goiabeiras quando perto dali um galho de árvore havia caído sobre um filhote de leão, matando-o na hora. Seu pai ficou inconformado, pelo que todos se reuniram para um último adeus e presentes estavam alguns bichos para consolar o desolado rei das selvas que perdia um herdeiro, instante em que ele pede ao sabia.
- Sabia, entoe ai uma melodia triste para reconfortar nossos arrazados corações, por piedade.
Assim, enquanto o sabiá cantava triste no último galho de frondosa birosca, (um cuidado particular para não provocar o próprio velório) os os membros da família do leão velavam o filhote morto numa máscara de vazio e dor, onde fina chuva deixava aquela parte da floresta com um aspecto ainda mais triste.
Eis que de maneira contraditória, ouve se de algum lugar perto dali, naturalmente fora daquele velório, ainda assim da forma mais desrespeitosa a mais sonoras das gargalhadas, que ecoadas de um tronco ampliou seu som, chamando a atenção de todos num raio de muitos metros, deviando a atenção dos presentes na despedida do filhotinho pelo que o leão rugindo feroz exclamou.
- Quem teria a ousadia de gargalhar num momento triste como esse? - seja que for pagará caro.
um mico peralta ajudou o leão na providência.
- Somente a hiena ri de forma desaforada e com essa altura leão. além de tudo, nunca respeitou animal algum com suas zombarias hilárias.
- Muito bem, fique aqui leoa, vou atrás dessa impetulante rizada e ela sentirá de forma dolorosa que o momento é inadequado para tal senso de humor.
E sai o leão tendo andado bem pouco até ouvir de dentro de um jacarandá oco, as gargalhadas e dentro dele a hiena que se sentia a vontade. o leão enfia a cabeça dentro do trono e emite pavoroso rugido que a hiena quase morre assustada se recuperando para um destino pior tentando fugir sem ter contudo por onde, pelo que o felino lhe fala:
- Então hiena, não respeita a dor dos outros? rindo por aí
enquanto tem um velório por perto?
A hiena se pôs silenciosa pois sabia que um diálogo com o leão em nada mudaria sua sorte e numa tentativa desesperada se lançou contra a única saída, justo onde o leão estava mas tropeçou numa raiz da própria árvore, tendo leão lhe caído na pele dando-lhe a maior surra que ela já levara, ficando toda quebrada a se perguntar?
- onde foi que eu errei.
MORAL, Instintos e tendências, ás vezes, são a nossa ruína¨.