A POLÊMICA DAS OBSCENIDADES DE LOYOLA:

Trago o presente assunto para o Recanto , fato divulgado pela mídia e que ocorreu em URUPÊS , pequena e aconchegante cidade do interior de São Paulo, próxima à comarca de São José do Rio Preto.

O assunto me chamou a atenção, não apenas pelo seu conteúdo polêmico, mas principalmente pela sua boa dose de humor, porque se pauta no fato de que o inusitado ocorrido tem como cenário a pequena cidade que conheço tão bem , pois era ali que muitas vezes ocorria os "bailinhos" da minha adolescência pelos os quais eu ficava implorando aos meus familiares, meses antes deles, para eu conseguir "bailar" nos meus remotos tempos de férias escolares, quando eu saía aqui da capital.

Tempos em que as coisas eram bem diferentes, e naquelas cidadezinhas haveria que se tomar todo cuidado para não se ficar "falada" por alguma atitude devassa como conversar com um garoto na porta de casa...depois de terminado o baile.

Época em que a hora de voltar para casa era vinte e duas horas, com ou sem baile!

Pois bem, consta que uma escola pública estadual ,da dita cidade, resolveu por bem indicar um livro "OS CEM MELHORES CONTOS BRASILEIROS DO SÉCULO" aos alunos de ensino médio.

Atitude nobre! A garotada tem mais é que ler mesmo.

Porém, um dos contos não agradou em nada a opinião pública, posto que seu conteúdo caiu na boca do povo e da imprensa o "OBSCENIDADES PARA UMA DONA DE CASA", de Inácio de Loyola Brandão.

"Esse mundo se perdeu" decerto é que pensa a coletividade toda depois de tomar ciência do dito e famigerado conto.

A polêmica foi tanta que resolvi buscar por ele.

A que opinião cheguei:

Pois bem, não seria a toa que um conto constaria como um dos melhores do século, e esse, de fato , nos coloca na berlinda o tempo todo a cutucar a profunda psicologia humana principalmente no seu ponto final.

Seu desfecho é espetacular, embora convenhamos, muito longe de ser compreendido no seu âmago pelos estudantes de ensino médio.

Fiquei a me perguntar como se separa os vocábulos PORNOGRAFIA E EROTISMO.

De fato uma linha muito tênue, a que se serve da arte literária principalmente para individualizá-los ou romanceá-los.

Destarte, Loyola se sente extremamente a vontade , a vontade demais para narrar o íntimo duma "dona de casa", seus anseios, carências, suas fomes humanas carnais e psicológicas, para a imaturidade dos estudantes de ensino médio, principalmente duma cidadezinha do interior de São Paulo, como tantas outras do Brasil, em que os "usos e costumes" ainda não permitem tal açoite. Moral? Não acredito.

É da vida.

Dizem que um escritor está "pronto" quando escreve o que pensa e o que sente do mundo. Ainda que não seja o seu.

Pois bem: tenho a dizer que o conto é obsceno apenas pela sua acepção: Fere o pudor, é indiscutível.

Porém um BBB TAMBÉM FERE, entra dentro do lares sem a mínima decência e nada acrescenta de universo literário ao nosso entorno humano.

Eu apenas sugiro aos professores que leiam os textos antes de indicá-los aos alunos. É o mínimo, e faz parte.

É mais prudente.

Mas que foi engraçado ver tantas vovozinhas horrorizadas...ah, isso foi!

O que eu diria?

Que esse mundo já acabou, apenas esqueceram de nos avisar...e Loyola sabe muito bem disso.

Parabenizo-o pela coragem de nos avisar.

NOTA:

Segundo um amigo professor, o referido livro foi uma proposta da SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO e foi distribuido aos alunos de ensino médio porque seus contos são parte integrante dos livros obrigatórios para o vestibular.

A POLÊMICA se estendeu por várias cidades, porém aqui na Capital não ouvi nada a respeito.