NEM ELES SE "GUENTAM"!
Dizem que a fila anda, porém qualquer um notava, ainda que de longe, que aquela fila da merenda além de "endiabrada", estava mesmo era pra lá de bem emperrada.
As "tias" se descabelavam, e as crianças que aguardavam pela sua vez para a macarronada do dia, pareciam sentadas em formigueiros...
"Tia, tia, ele passou na minha frente"- gritava um deles segurando o amigo pelo pescoço e o recolocando na marra, LÁ ATRÁS, no seu devido lugar."Ai tia ,ele também agarrou meu cabelo", choramingava outra, "Tia ele não lavou as mãos para comer!, denunciava uma mais consciente e comportada.
"Pára menino, solta ele!" dizia a tal da "tia", fingindo uma calma inconteste, mas de face vermelha, pobre coitada, heroína diplomada em magistério e pedagogia, e que com toda certeza não havia tido no seu currículo, muito menos no seu estágio prático a tal matéria de como domar o "bicho carpinteiro".
"Vamos que o sinal vai tocar e quero todos bem quietinhos na hora da comida!" sonhava, enfim, aquela tão resignada e organizada "tia".
Bem, foi ali que entendi que precisamos ter esperanças, ainda para as causas impossíveis...dos nossos tantos queridos sobrinhos...
Quando achei que tudo estava mais ou menos tranquilo, outro alguém berrou :"tiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!! olha ela, ela tá comendo de boca muito cheia, não pode, não pode, é feio,viu?, não é tia, você falou que não pode, vai ficar sem comer amanhã, não é tia?"
A turma inteira caiu na gargalhada.
"E você também vê se fecha a boca João, não pode falar de boca cheia!" corrigiu a professora complacente. Ouvi mais uma interminável gargalhada!
" Vou fechar sim tia, porque minha barriga tá é doendo de cheia, não guento mais macarrão", disse o tal do João. Todo dia macarrão tia, não guento isso não!
"Dor de barriga também é "lumbriga bem grande", não é tia? gritou ele olhando em minha direção.
"É sim João, e é daquelas beeeeeemmmmm compridonas, ensinou uma outra que estava na ponta da mesa, dimensionando a lombriga do João com as mãos...
Foi quando perguntei para um deles, muito parecido de rosto e de atitude, se ele era irmão do João.
"Deus me livre, tia!" ele me respondeu convictamente e de olhos bem arregalados.
Achei graça.
"Por que Deus me livre, hein Renan?", insisti.
"Ah tia, ele é muito chato, ainda não percebeu, não ?!
NOTA:
VERÍDICO AO PÉ DA LETRA.