O Cantinho Secreto Das Mulheres

O cheiro era de torta de maçã com canela, diferentemente da última vez que o cheiro lembrava torta de uva. Naquele momento Evelin e Clara sentiram-se como se estivessem no paraíso. Diante de seus olhos o que observavam era a paisagem mais bonita e convidativa das suas vidas.

Evelin se adiantou um pouco mais para dentro do local e observou com mais atenção. Estava diferente da última vez. Desta vez era uma enorme floresta tropical, cercada de uma cadeia de montanhas e um belo lago azul de grande extensão e que reluzia com o brilho do sol. Ao horizonte,além das montanhas, o que se via era um enorme vale verde, qual daria vontade de correr e cantar como em Noviça Rebelde... Foi o que Clara pensou, mas preferiu não comentar com sua amiga.

Clara conseguiu observar ao longe, e antes de Evelin, que mais mulheres começavam a surgir de outros pontos da floresta. Todas com olhares curiosos e de espanto. Pareciam surpresas assim como as duas. Adorava estar ali. Sempre algo novo, sempre lugares maravilhosos, sempre que podia e pre-ci-sa-va visitava o tal local. Sorriu e acompanhou as outras mulheres na mesma direção para qual elas caminhavam.

Conforme andavam mais coisas iam acontecendo ao redor delas. Homens musculosos, com seus corpos embebidos em algum tipo de óleo e com apenas uma folha de parreira escondendo-lhes as partes íntimas começaram a brotar do chão dançando músicas technos que só eles pareciam ouvir. Todos eles pareciam desejá-las, era como se pudessem ver as dezenas de mulheres que passavam por ali naquele instante, e desejá-las com o mesmo fervor. Todas se sentiam envergonhadas e animadinhas com tal situação. Um deles ainda arriscou uma cantada: “Que isso hein! Se isso tudo é saúde, minha mãe tem febre amarela...”.

Depois de virarem na terceira árvore, uma amendoeira enorme, se viram diante de uma feira de doces finos recém-assados e com pequenas placas onde se lia “zero por cento de açúcar”. Os doces eram mostrados por marinheiros suados e com macacões dignos dos antigos filmes de Hollywood. Um deles deslizou os dedos pelas pontas dos cabelos de Evelin, a fazendo suspirar.

Se aproximando do lago, notaram que mais mulheres surgiam, algumas com expressões de pressa, dor, ou incômodo. Outras carregavam bolsinhas e pareciam com muita mais pressa que as demais. Eram mulheres das mais diversas nacionalidades desde francesas até afegãs. Todas se juntaram formando uma multidão que caminhava em direção a algo. Algumas sorridentes, outras ansiosas.

-Será que a gente morreu? Isso aqui parece muito com nosso conceito de paraíso, Clara!-comentou Evelin, sendo praticamente ignorada pela amiga que estava muito distraída com o que via diante de seus olhos.

Chegaram a certo ponto em que outras moças vinham na direção contrária. Eram mulheres mal vestidas, com roupas fora de moda, cabelos mal penteados, e algumas até com roupas idênticas com as que estavam no grupo de Clara e Evelin. Isso gerou certo bafafá entre os grupos que começaram a criticar com a amiga ao lado as demais moças, e se sentiam incrivelmente bem por isso.

Passado o grupo contrário, elas se depararam com milhares de cabides de roupas de grifes. Correram loucas na direção e começaram a experimentar todas aquelas roupas com uma velocidade que faria inveja ao Rubinho. O grau de excitação ali, naquele instante era imenso. E estavam todas muito felizes por estarem ali, com suas amigas comentando sobre tudo e sabendo que não poderiam levar nada daquilo. Era simplesmente o fato de estarem reunidas e falando sobre moda, homens e mulheres que as deixavam relaxadas, fazendo-as esquecer até mesmo o motivo de estarem ali. Sentiam-se bem apenas por perderem trinta minutos colocando e tirando e comentando sobre seuspreços, belezas e como aumentavam seus traseiros.

Foi então que surgiram por trás de duas árvores Thiago Lacerda e Tom Cruise (este curiosamente, falando um português impecável).

-Olá, mulheres maravilhosas! –disse Thiago Lacerda fazendo com que uma gordinha que se encontrava bem próxima, tivesse um ataque cardíaco fulminante e viesse a falecer, sendo enterrada dois dias depois no cemitério de São João Batista em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro.

-Agora vamos ao ponto que as trouxe aqui!- Anunciou Tom Cruise sorrindo e se virando para trás apontando com a mão esquerda aberta e estendida na direção de milhares de portinhas enfileiradas lado a lado e com o desenho de um bonequinho de saias pregado bem ao centro e um pouco mais ao alto.

Todas, sem exceção... Tá, tirando a gordinha falecida e que Deus a tenha, todas sorriram e correram na direção das portinhas. Algumas entraram sozinhas, outras entraram em dupla, e, ao fim, as mulheres haviam sumido, e dentro dos cubículos continuaram conversando sobre tudo. Sobre tudo que gostavam, sobre tudo que odiavam e sobre homens. Só sobrando Thiago Lacerda e Tom Cruise, que por não se conhecerem muito bem, acabaram apenas apertando as mãos e indo um para cada lado, esperando a outra turma de mulheres.

Enquanto isso, em um outro ponto, um ponto perto, porém longe dali, dois rapazes, um chamado Paulo e outro Gustavo, aguardavam sentados à mesa para quatro pessoas, no restaurante de frutos do mar.

-Elas estão demorando, né Paulo?

-É, faz quase trinta minutos que elas foram.

-Será que entraram pela descarga, véi?

-A Evelin sempre faz isso, Gustavo. Sempre demora.

-Ah, a Clara também. Sempre que saímos, ela tem que se enfurnar dentro do banheiro com alguma amiga por minutos e mais minutos!

-Sabe Gustavo, eu daria tudo para saber por que as mulheres sempre vão juntas e porque demoram tanto no banheiro... Ah como eu queria...

Fim!

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Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 20/08/2010
Reeditado em 25/06/2011
Código do texto: T2448316
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