POR QUE NÃO FECHA ESSA M...?
Após trabalhar oito horas por dia encurralado em um quichê de caixa de banco, sábado de manhã, peguei minha bike e ajuntei minhas tralhas de pesca e peguei a estrada poeirenta para o córrego Mamoneiras, há uns vinte dois quilometros de distância. Ao chegar no córrego uma nuvem de pernilongos veio me receber. Havia chovido dias antes e a água ainda estava meio barrenta. Passei sede o dia inteiro, os peixes sumiram, peguei somente uns 4 mandis Kamikases e os pernilongos e muriçocas me deixaram quase seco.
-Vou ter que ir ao hospital e pedir uma transfusão de sangue, pensei.
Resolvi ir embora, tinha muito chão para percorrer, o sol estava de rachar mamona. Minha língua parecia uma lixa grossa, já estava começando a ter miragens. Lembrei-me que tinha um boteco na beira da estrada perto dali.
Parei no boteco e vi um cidadão picando fumo sentado em um tamborete. Tem pessoas que são de uma pachorra irritante...
Fui parando a bicicleta e já fui gritando:
-Xará, me arrume um litro de água mineral!
Ele sem parar de picar o fumo respondeu mansamente:
-Num tem!
-Então me dê uma cerveja gelada, disse eu passando a lingua nos beiços ressequidos.
-Cabô! Disse o sujeito entretido em seu trabalho.
Eu já irritado com a pachorra do cidadão disse:
-Então me dê um refrigerante, uma coca, um guaraná, solução de bateria, ácido sulfúrico, qualquer coisa líquida...
-Tá im farta! disse ele mais uma vez.
Eu perdendo a compostura, foi montando na bicicleta e falei:
-Por que você não fecha essa merda?
Ele respondeu cândidamente:
-Porque num tem porta, os cupim cumero ela...
* * *