Vaga na Zorra
O programa do Luciano Hulk até que acertou na proposta de abrir vaga para emprego na Zorra Total já que o humor anda ruim. Ruim porque perdeu o elemento surpresa dos quadros rápidos. Perdeu para as grandes embolações feitas com péssimo texto sem conexão com os apelos sociais. Quadro longo é um desastre porque acabam sem riso, não conseguem conter certa graça natural do movimento cômico. Um péssimo texto de humor funciona apenas como máscara da realidade, enquanto que o humor de fato tem a ver com a necessidade da liberdade.
Espécie de fuga da opressão, opressão resultante dos estatutos, todos vazados através do seio podre da ambigüidade entre o preceito e a verve espontânea. Iconoclastia à parte este emprego é dos melhores, pensei. Fiquei com vontade de me mudar para o Rio. Alugar um apartamento em Ipanema e recorrer ao chope para ser feliz e livre. Liberdade e felicidade tilintaram dentro de mim. Mas falando de humor há vaga na Zorra e tenho um ótimo personagem de natureza “cínico” que ganharia um belo quadro, desses que são sempre o mesmo, mudando apenas o argumento.
Seu Cinin é cínico de carteirinha. Neste primeiro quadro de estréia ele surgirá numa exposição de pintura moderna, bebendo entre dois amigos e dizendo mal do pintor: olhem para isto! Que coisa horrível. Nunca vi pintura tão arrepiante. Vou contar, vou contar mesmo para vocês, esse Cabral além de pintor é safado, não vale nada. Dizem que anda saindo com a mulher do Valadão... Eis que por trás chega o pintor Cabral sorrindo entre os convidados. Os amigos dizem: E agora Seu Cinin! Seu Cinin e agora? (Bordão) Ele calmamente se adianta e começa a louvar o pintor:"Figura formidável! Olhem para o Cabral, um gênio da pintura moderna!"
Mesmo por outras vias quem sabe eu consiga tirar cinismo de outra utilidade.
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