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A política como ela é – O  Gourmet

                   Já havia governado certa vez aquele município e tentava se reeleger. Como seu mandato havia sido razoável, despontava como favorito, o que aumentava a responsabilidade de ser melhor que antes.
                 “Um homi muito bom!” diziam seus correligionários. “Muito popular!” diziam seus cabos eleitorais. Parava o carro nas estradas para conversar com o povo, frequentava a feira livre aos sábados pela manhã e a tarde, o campinho de “pelada”. Participava das quermesses das paróquias, adorava os leilões onde arrematava patos, perus, cachos de banana, bolos e distribuía tudo lá mesmo, com a população do lugar.
                 Mas, “o auge da simplicidade”, diziam, era o paladar. “O homi é doido por tripa de porco! adora uma fritinha com uma cerveja bem gelada, ou mesmo com café quente e macaxeira!” e a história correu de boca em boca: a cada lugar que ia estava lá um prato de tripa, quentinha e crocante, para lhe fazer os gostos. Tinha dia de comer tripa em todas as refeições...
                 Em plena campanha, depois de visitar vários sítios e povoados, depois de comer tripa frita em cada lugar que ia o “homi” capitulou. Atacado por uma caganeira que dava medo, o dia inteiro de calças arriadas, se contorcia e se lastimava:
                   -Ó... Porque não espalharam que eu gostava era de peru com arroz!!!