Você,cara pálida,que malha a classe política sem dó nem piedade, nem imagina os sofrimentos inauditos aos quais estão sujeitos os nossos ínclitos representantes.
Vender a imagem não é uma coisa fácil ,a gente cai em erros indeletáveis (gostou do neologismo?) e passa por situações que eu não desejaria para o meu pior inimigo ,real ou virtual, caso eu tivesse algum.
Imagine percorrer de carro as nossas estradas poeirentas, sob o calor do sertão nordestino,enfrentando buracos imensos e,falta de acostamento e banheiros decentes em bate – freges inomináveis como são nossas pensõezinhas de beira de estrada.
Uma vez,viajando pelo nordeste de carro e precisando desapertar-me deparei com um aviso ,numa delas, rabiscado em tinta vermelha e letras garrafais:”bosta não é tinta e dedo não é pincel”.
Sem saber bem o que isto significaria, mas,suspeitando, abandonei o recinto e fui fazer xixi no mato.Mais seguro,pô!
Além disso e das criancinhas catarrentas que eles têm que beijar demonstrando imensa satisfação como se estivessem a beijar o Santíssimo,tem as comidas.
Ah,as comidas são o círculo que esqueceu o Dante!
Figuras exponenciais da República,paladinos nobres como FHC,também chamado de “todo pomposo”,pelas más línguas,é claro-pois- este nobre paulista teve que comer buchada de bode (argh!) em Pernambuco e conferenciar com seu estômago acostumado a patê de fois –gras e convencê-lo a não botar prá fora esse estranho acepipe principalmente na frente dos anfitriões e dos possíveis eleitores.
Conheci um senador baiano cujo assessor usava um blazer com enormes bolsos;quando lhe era servido alguma coisa esdrúxula,o assessor disfarçadamente se dirigia para o lado do chefe,posicionava- se estrategicamente enquanto o nobre parlamentar enfiava bolso abaixo o conteúdo do prato.
O perigo era a dona da casa o encher novamente,dizendo,satisfeita:
-Que bom!O doutor adorou.Coma mais um pedacinho,não faça cerimônia...
Um vereador baiano visitou a Ilha de Maré,aprazível recanto da Bahia de Todos os Santos,e encaminhou-se rapidamente prá casa do manda –chuva local,senhor que tinha três filhas cujas idades somavam 120 anos e eram exímias cozinheiras.
As moças (eram todas solteironas) fizeram uma peixada e como sobremesa,uma suculenta salada de frutas.
O candidato a mártir era médico e as três aproveitaram para falar de suas mazelas:todas tinham as pernas inchadas graças à uma erisipela muito feia que supurava bastante e fedia muito.
Passavam ,carinhosamente,a mão sobre as feridas avermelhadas e com estas mesmas mãos,serviam os convidados.
Ao pressentir o fato,o doutor posicionou-se frente à uma janela onde,no terreiro ao lado,galinhas ciscavam.
Ao ser servido, disfarçou um pouco,olhou para os lados,viu as moças de cabeça baixa e- zás – jogou a salada janela à fora.
Três vezes foi servido, três vezes realizou a mesma operação.
Agradecido à janela discreta, safou-se dali.