Samadhi
Ontem estava tirando um cochilo depois do almoço. Adoro! Fico com muito dó daqueles que desse deleite não podem se deitar. Fazia parte desta lista de humanos, até dois meses atrás antes de licenciar-me por conta dos estudos.
Concordo com aquela frase pertencente aos piores temas de comunidade no Orkut “Não há vida depois do almoço”. Acho que eles exageram um pouco. Até que há vida, mas naquele período que finda o almoço e por mais ou menos uns trinta minutos, eu não chamo de vida não, eu chamo de rastejamento. Viro meio réptil, seria algo como mulher-cobra.
Pois bem, continuando... Apesar de eu estar no meu querido Brasil, vez ou outra, dou-me ao direito da hora de ‘la ciesta’ como fazem os espanhóis.
Como a gente não tem sossego nessa vida, ontem, tocou o telefone quando estava entre a madorna e o sono. Pigarreei e com uma voz muito das limpas, falei:
- Alou!
- Oi dra. tudo bem? Pensei, ‘hum, é o Orlandinho’ (ele que tem essa mania de chamar todo mundo de doutora).
- Tudo bem!
- Que está fazendo?
Lembrei imediatamente do ‘menino de conteúdo’, Pedro*, neto de minha amiga. Mentindo ou talvez não, eu disse:
- Eu to pensando...
Já que é curioso pra burro, eu queria muito que ele perguntasse: ‘Em que'? Mas não é previsível, e só respondeu ‘hum’.
Eu ainda com esperança de homenagear Pedro, continuei a graça. 'Não vai perguntar em que'?
Ele agora previsível:
- Em que?
- Em nada.
- É muito difícil não pensar em nada, só conseguem isso aqueles praticantes de yoga, quando eles não estão pensando em nada, chamam isso de samadhi.
Ele emendou que um conhecido dele, gerente de obras da prefeitura dizia que os peões que ali trabalhavam não pensavam em nada, ficavam parados olhando o horizonte, só aguardando ordens.
Achei esse gerente meio preconceituoso e parti em defesa dos trabalhadoress: “Eles não estavam sem fazer nada, eles faziam ‘samadhi’!!!
*Na seção de humor: "Menino de conteúdo"