O estranho noivo de Dona Baratinha

Meu querido ratinho:

     Tu és tão lindo e eu te amo tanto, mas sou obrigada a desfazer o nosso noivado. Como posso casar - me diga, meu amor - com um rato que frequenta nojentos ambientes como cozinhas limpas, asseadas todos os dias com os melhores desinfetantes? Eeeca!
     Quando eu te conheci, eras tão fedorento... E sempre que fazíamos amor, o fedor másculo que exalava de ti me deixava louca!
     Agora, com essa mania de passear em cozinhas de ricos, toda brilhante e limpinha (ui, que nojo!), te tornaste relaxado com a tua higiene murina. E ainda tens coragem de vir falar comigo com um insuportável cheiro de limpeza. Audácia! Me beija cheirando a sabão, lavanda, eucalipto, ui, fico com uma vontade doida de vomitar...
     Um dia desses até senti cheiro de perfume em ti. Arre, que nojo! Sinto muito, meu amor, mas tu andas tão limpo que até parece gente. E gente é coisa nojenta, transmite doença de todo tipo para nós, roedores.
     Não dá mais para mim, resolvi aceitar o pedido de casamento do rato gabiru Fede Kidói, que comprou um belíssimo buraco sujo nas cercanias do lixão.
     Adeus.
     Tua ex-noiva, baratinha

      Cascuda do WC

   

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 19/07/2010
Reeditado em 23/11/2012
Código do texto: T2386862
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