CASAMENTO MATUTO : "QUEM DISSE QUE TODO CASAMENTO CAIPIRA TEM QUE SER COM SUA FIA...”

“QUEM DISSE QUE TODO CASAMENTO CAIPIRA TEM QUE SER COM SUA FIA...”

Escrito por Léo Jayme

Geraldin e Rosa se apaixonaro e resoveram ir pro artar pra móide de os dois serem filiz pra sempre. Ela num era fia du coronér e nem se importava cum a pobreza de Geraldin o que ela óiava mermo era o amor e Geraldin e o amor que ela tinha por ele.

Zulí: Aênia, amiga ocê ta fazeno o que aqui?

Aenia: Ah muié é que rái ter um casório aqui.

Zulí: A fia do coronér que rái casar?(as duas riem)

Aênia: Não né muié, é uma tar de Rosa cum Geraldin.

Zulí: Geraldin?(Geraldin entra) Ah, o Geraldin.... mó paia.

Aênia: Pusquê?

Zulí: Ora, nem rái ter confusão é legal quando a fia do coroner se apaixona pelo pobretão da vila e eles fazem de tudo pra móide ficar junto. Aí vem o coronér bem brabo e sai atirano pra tudo que é de canto.

Aênia: Ah, masr do jeito que a fia do coronér ta incaiáda nunca que rái ter essa confusão.

Zulí: Muié ocê já viu os dente dela?

Aênia: Não! Que ela num tem mars ninhum (as duas riem)

Zulí: E pensa como ela fede. Marrela fede de mais... parece uma porca que num toma banhi.

Aênia: Ah e ocê vê o jeito que ela anda (imita). Mancando.

Zulí: Parece uma bruxa atrupelada.

Aênia: E sem falar que ela é fanha... (imita) Fanha.

Zulí: Fanha?

Aênia: É muié, fanha.

Padre: Calem as bocas de ocês! Respeite o Templo Sagrado!

Aênia e Zulí: Desculpe Padre.

Padre: Intõe-se tamo aqui pra móide casar Geraldo Azevedo e dona Rosa. de Alencar Silva Nascimento Santos Brito dos Leites. Ocês dois aceita um ao o outro?

Geraldinho: Sim seu padre e pode casar e dar sua bença

Padre: Marrante eu tenho que perguntar: Argúem tem arguma coisa pra móide acabar esse casório?

Sr. Coronel: Eu seu Padi!

Aênia: Seu Coronér?

Zulí: Eita que o negócio agora rái ficar bom!

Sr. Coronel: Eu mermo! E podem tirar essa moça aí do artar.

Rosa: Marr pusquê? Eu num so nem tua fia!

Coronel: Marre por isso mermo que ocê rái sair daí. Mia fia que tem que casar cum esse homi já que ele é póbe e é o noivo dessa estória.

Geraldinho: Carma aí seu coronér, ocê num pode me obrigar-me a casar cum tua fia não.

Coronel: Pusquê?(aponta uma arma)

Geraldinho: Pusquê, pusquê eu num tenhu dinhero.

Coronel: Isso num são pobrema, porreu tenho de sobra.

Geraldinho: Marreu sou fêi.

Coronel: Isso num são pobrema, é mió mia fia casar cum um pobretão e fêi du que morrer incaiáda.

Rosa: Geraldinho ama eu e ele rái casar é cum eu!(puxa Geraldo)

Coronel: Ocê num me obriga a tirar ocê a bala daí!

Rosa: Porru sinhô que queira tirar eu daqui a bala pra móide o sinhô vê. Meu pai num é coronér marrele é brabo e mars que o sinhô, magricelo!

Coronel: Ora, mars ocê num se atreva (aponta a arma no rosto dela)...

Rosa: Geraldin, me help, me help.

Geraldin se esconde atrás do altar

Coronel: Homi froxo! Ha ha ha ha ha ha

Rosa sai chorando

Coronel: Rái imbora isso mermo e rão tudin imbora!

Geraldinho: Intõe-se cum lincença.

Coronel: Não cabra ocê e o padi fica. Ramo ocês duas, tão isperano o quê pra móide ir embora?

Zulí: Oh seu coronér, dexa nóis ver o casório de tua fia.

Aênia: É seu coronér, nós somos amiga de sua fia a.. a.. a...

Coronel: Franciscorréia!

Padi: Ah?

Coronel: Franciscorréia Dorotéia Dolorida, seu padi. Tem argum pobrema de o sinhô dizer o nome dela cumpreto?

Aênia: Coitado do padi, ter que dizer um nome desse.

Coronel: O que ocê disse?

Zulí: Mia amiga falô, seu coroner, que o apelido de sua fia é Dodó.

Aênia: É assim que a gente chamava ela.

Coronel: Sei. Bão, vamo logo cumeçar esse negócio! Pode entrar Mia fia.

Toca uma musica de casamento. Entra a bem dita Franciscorréia Dorotéia Dolorida vestida de noiva colorida (cheio de trapo). Ela entra mancando, e cantando (de maneira ridícula) a música Ave Maria.

Zulí: Meu Jesus Cristinho, que monsto é esse?

Aênia: se ela fosse verde diria que ia casar cum Huck. (“Dodó” dar uma olhadinha e as “amigas” acenam pra ela)

Padre: Que horror!

Coronel: O que ocê disse seu padre?

Padre: Nada não...

Ela então chega no artar.

Dodó: Intõe-se papai, esse é meu noivo?(com o padre)

Padre: Tá queimado mia fia, graças a Deus que so padi.

Dodó: (dar uma gargalhada bem extravagante) Ah, ocê é o padi.

Zulí: Ela pudiria ao meno ser intiligente, né.

Aenia: Ai muié, me dá uma pena dela.

Geraldinho: Porre mim dá é medo (choramigando).

Dodo: papai, pusquê meu noivo tá chorano?

Coronel: É pusquê ele ta imocionado mia fia.

Zulí: Ele ta é apavorado.

Coronel: Ramo logo seu padi, case mia fia.

Padre: Bão, tamo aqui pra casar a fia do coro...

Coronel: Ela tem nome seu padi...

Padre: a sinhora Dodó...

Coronel: Padi, o nome dela...

Padre: Mia fia, ocê pode dizer seu nome?

Dodó:(dar uma risadinha) Franciscorréia

Padre: Franciscorréia

Dodó:Dorotéia

Padre: Dorotéia

Dodó: Dolorida

Padre: Dolorida e do sinhô Geraldo Azevedo. Intõe-se, ocê aceita esse moço?

Dodó: (Ri) oh seu padi, seu padi, seu padi...Marré craro né seu padi.(ri) o sinhô pensa que sou burra?

Padre: E ocê? Póbe rapaz.... aceita?

Geraldinho: NÃO!

Dodó: (Choramingando) Papai, ele disse NÃO!!!

Coronel: Ora seu cabra, ocê quer tratar de dizer um sim?(Apontando a arma).

Geraldinho: Siiiiim... meu Deus, me ajuda desse monsto!

Padre: Se argúem tem argo contra esse pesadelo diga...

Coronel: Pula essa parte seu padi.

Padre: Intõe-se o noivo pode bejar a noiva pra móide assinar os papér.

Geraldinho: Pula também a parte do bejo intõe-se.

Dodó: Não, não... essa parte ocê não vai pular.(Faz bico pro beijo).

Geraldinho: Mas livrai-me do mau...(Pode tocar uma música bem triste nesse momento)

Aênia: Coitado do Geraldinho.

Zulí: Concordo com ocê, amiga.

Froscólio: Franciscorréia Dorotéia Dolorida? Ocê ta casano cum esse moço é? So pusquê ele é mars bunito!

Dodó: Benedito Froscólio Jovino de Almeida Aimbare, Amor de vida minha ocê voltô?

Froscólio: Voltei e vim pra móide ocê ir imbora cum eu.

Zulí: Marre fiuira de mais, soh.

Dodó: Mars ocê me abandonô. Deixou eu só.

Froscólio: É meu amor, marreu rodei esse mundo todo e num incontri muié mars arretada que tu!

Dodó: Oh, Froscólio!

Froscólio: Intõe se vamo.

Dodó: Mars quem me garante que ocê num vai me abandonar de novo?!

Froscólio: Meu amor eu amo tu.

Dodó: Intõe se prove!

Froscólio: Mars como?

Geraldin: Canta pra ela, sempre funciona (entrega um violão).

Coroner: Mars que bagunça é essa?

Padre: Carma seu coroner que essa eu quero ver.

Froscolio: Deixa eu ver...

Você é linda mars que de mars...

Não essa não.

Eu tenho tanto pra te falar...

Não,não...

ah, já sei.!

Essa é pra tu meu amor.

Eu gosto dela dô amô a ela eu não troco ela por outra mulher.

Fui pra capela pra casar cum ela só num reparei foi os defeito dela.

Os defeitos dela é essa perna torta

parece uma porca quando ri, meu Deus!

"Um braço seco que furô no prego,

tem um ôio cego" e os dente apodreceu.

Só tem um pulmão isso num são defeito

Ela perdeu um peito na operação.

Passou o vento e intortô a boca

é fanhosa, é mosnta marré mia PAIXÃO!

Dodó:Ai que lindo Froscólio! Óia aqui Geraldin, ocê num fica chateado cum eu marreu amo Froscólio. Adeus!

Aênia: Quem nunca viu falar du ditadu: “o amor é lindo marro casal, meu Deus!”

Coronel: Mia fia, renha cá, ei...(sai)

Geraldinho: Bigadu Jesus, Bigadu Sinhô.

Rosa: Geraldin.

Geraldinho: Rosa?!

Rosa: Agora ninhum mau rái nos separar nóis. Ramo se casar meu amor e sê filiz di mais.

Geraldinho: Mia fror do sertão, ocê rái sê a muié das mias cambadas.

Rosa: Ah, Geraldin como ocê é romanticu.

Padre: Finalmente decraro ocês marido e muié um do outo.

FIM