Aconteceu em Araújos 01
Último dia de festa da padroeira em Araújos, cidadezinha pacata do interior da nossa querida Minas Gerais.
Como era tradição, havia bênção especial para os festeiros que estavam deixando a missão e também para aqueles que iriam assumir os trabalhos da festa do ano seguinte.
Um desses festeiros era Leôncio Durand, abastado criador de gados da região. Homem muito rico mesmo. Pra se ter uma idéia, este fazendeiro não vendia gado por cabeça e sim por minuto (abria a porteira e deixava o gado passar) Era quinze minutos de gado para um, meia hora pra outro e assim por diante...
Uma coisa fabulosa. Deixou uma fortuna pros filhos. Um deles mora na grande BH e segundo a “boca miúda” está nadando em dinheiro até hoje.
Pois bem, nos momentos que antecediam a benção, Leôncio Durand procurou o Padre Brauer, um alemão muito severo e cheirador de rapé (esse padre tinha a péssima mania de tirar rapé debaixo da batina em plena missa e cheirar), e disse o seguinte:
- Padre “Bráu” (era como ele, e a maioria dos moradores pronunciavam o nome do padre) eu quero que o meu cavalo Medalha também receba a benção especial dos festeiros este ano.
Muito surpreso o padre argumentou:
- Mas meu caro Leôncio, esta é uma bênção para pessoas e não pra animais, infelizmente isso não será possível...
- Animal ou não, ele trabalhou mais que muita gente pra realização desta festa, argumentou Leôncio.
- Não é a mesma coisa, retrucou o padre!
O homem não se dando por vencido, pegou uma guaiaca entupida de dinheiro (notas graúdas) e falou:
- Tome isso, é pra ver se o senhor dá uma adiantada nas obras da paróquia. E a vamos pra bênçãos que já está ficando tarde...
Diante de um “argumento” desses, Padre Brauer não viu outro remédio a não ser abençoar também o cavalo do “amigo” fazendeiro, diante de todos.
Ao término da celebração, quando os festeiros estavam se retirando, Padre Brauer, chamou o fazendeiro em voz alta:
- Sr. Leôncio Durand!!!!
- Pois não Padre “Bráu”...
- Só pra lembrar o amigo, domingo que vem tem “batismo” viu?!!!
PS: Há quem diga que benção e batismo de animais, tornou-se coisa comum naquelas redondezas... É, mais esse povo fala demais, né não?