Cabecinha, quando garoto, era de uma sagacidade fora do comum. Curioso ao extremo, nada se passava ao seu lado sem que ele indagasse dos mais velhos. Também muito insistente, não se contentava com pouca coisa, sempre queria ver para crer. Uma espécie de São Tomé.

            Morava numa rua muito movimentada para uma cidade interiorana. A casa vizinha a sua era de uma entrada e saída de gente a toda hora; carros dos mais luxuosos paravam e seguiam em frente daquela linda mansão. A meninada fazia festa...

            O que se sabe, por conta do domínio público, aqui com minhas palavras, é que um belo dia, no café da manhã, aproveitando que todos estavam reunidos à mesa, ele saiu com essa pergunta pro seu pai: “Papai, que tanto movimento de pessoas é esse que acontece todos os dias nessa casa ao lado”? – Ah! Meu rapaz, isso aí é uma fábrica de bonecos, são os fregueses que vêm comprar, principalmente nesse tempo de festas de Natal, para presentes. – Obrigado, tá bom meu pai, respondera.

            Quando todos saíram de casa para o trabalho e para a escola, por teimosia, astucioso que era ele pulou o muro do vizinho e começou a olhar pela brecha da fechadura, até que se convencera, realmente, de que estava diante de uma indústria regularmente em funcionamento, produzindo para o país.

            Pois bem, à noite, quando todos estavam jantando, no mesmo dia, ele chamara a atenção do papai e lhe dissera: “Meu pai, o senhor está muito certo, aí ao lado é realmente uma fábrica de bonecos; eu olhei pela fechadura e vi, com os meus próprios olhos, que havia um sujeito muito esforçado, suado pra cachorro, terminando de fazer outro... só estava concluindo o buraquinho do ânus!

            A risadaria tomou conta de todos...

Em revisão.