Na década de setenta, o comerciante Zé Leandro acolheu um novo casal de moradores para ajudá-lo no trato com a terra do Buenos Aires, sítio homônimo à capital argentina, mas localizado próximo a cidade cearense de Várzea Alegre.
O rapaz e a moça, recém casados, logo começaram a desempenhar suas árduas tarefas no terreno rural. No decorrer dos dias, a jovem e bonita lavradora chamou a atenção de Zé Leandro. Na primeira oportunidade a sós com a moradora o comerciante abusou dos galanteios.
No final da tarde desse mesmo dia, após uma jornada intensa de trabalho na roça, o marido da moça, com uma inseparável faca tipo peixeira na cintura, foi até a casa grande do sítio e reclamou:
- Seu Zé, minha muié me contou que o sinhô tá com inxirimento pro lado dela. É divera?
O proprietário do terreno rural, sentado em uma cadeira de balanço no alpendre da casa , com uma incompreensível e inesperada calma, respondeu:
- É verdade sim.
Já colocando a mão perto da bainha da faca, o morador com fama de valente e destemido deu um passo à frente, e, com voz ainda mais raivosa, disse:
- Seu Zé, eu num vi aqui pro Bozinário* para ser desrespeitado não.
O comerciante, ainda com a mesma traquilidade, com impressionante capacidade de convencimento, completou:
- Rapaz, peraí qu’eu explico. É uma prova que eu tiro. Todas que vêm trabalhar aqui eu faço o teste. Se a muié aceitar eu mando logo embora. Pois não quero nenhuma desmantelada trabalhando aqui não.
Colaboração: Régis Leandro Teixeira
* Corruptela varzealegrense para Buenos Aires
(imagem Google)