Tempos do BB_1_Relógio à prova d'água
Fecho os olhos e recolho as reminiscências das minhas andanças pelas cidades do interior do Maranhão, na condição de funcionário do BB. Bons tempos, aqueles! Até mesmo folclóricos!
Pindaré-Mirim, 1969. Num dia de domingo, a turma do funil do banco, depois de uma peregrinação pelos principais bares da cidade, resolveu prosseguir a libação alcoólica no outro lado da cidade, a chamada Trizidela, separada do centro pelo Rio Pindaré.
Pegamos uma canoa e o canoeiro manobrou rapidamente para a Trizidela. Mas estávamos quase todos bêbados, numa algazarra medonha, e balança aqui, balança acolá, a canoa virou e caímos todos n’água. Por sorte, estávamos pertinho da margem e ninguém se afogou. Mas, alguém, olhando para o braço de Ademar, alertou:
- Ademar, perdeste o teu relógio! Com certeza, caiu no fundo do rio!
O relógio de Ademar era famoso. Era um possante Orient folheado a ouro e se constituía uma raridade naqueles tempos. Mas o Ademar, com um sorriso despreocupado, respondeu:
- Sim, mas não se preocupem. O meu relógio é à prova d’água!