Um tombo perfeito!

Lembro-me de um acampamento, que fiz com um grupo de saudosos amigos. Dentre eles uma fantástica criatura, um grande amigo que aqui chamarei por Joca (nome fictício).

Era por volta de 6 horas da manhã todos nós tínhamos, praticamente acabado de deitar, quando de repente um ser, de outro grupo de campistas, resolveu saudar a natureza, e bem pertinho da barraca onde estava Joca. Esse bom ser, em um único, alto e bom tom, com os pulmões bem cheios do puro ar, grita: BOM DIIIIIAAAAAA NATUREZAAAAA!

No meio do AAAA meu caro e assustado Joca, na velocidade da luz, colou com os quatro membros no teto de sua barraca e quando conseguiu se desgrudar ainda teve que ficar de pé para que a lei da gravidade o ajudasse a engolir seu próprio coração...

Durante o lindo dia que o firmamento nos presenteava, Joca, enquanto tentava desintoxicar a adrenalina que apossara do seu corpo, tramou sua vingança e aguardou a bela madrugada enluarada se fazer presente aos nossos olhos e dar o momento desejado para seu plano.

Por volta de meia noite, aquele ser do “bom dia natureza” foi se deitar para desfrutar de um revigorante sono... Joca, disfarçadamente, colocou sua cadeira de praia, próxima a barraca de sua infeliz vítima e lá ficou aguardando, o especial momento do sono profundo, por mais de uma hora, longe de nossa quentinha fogueira, tomando tranquilamente sua cervejinha.

De repente, Joca se levanta, abre seus braços, abrindo suas narinas como se quisesse retirar todo o ar do planeta e “delicadamente” grita com uma enorme vontade: BOOOOAAAAA NOOOOIIIIIIITEEEEEEEEEE NAAAAATUREZAAAAAAAAAA! ... Ótimo, só deu tempo para Joca ver a barraca do “amigo” se mexer porque, o que ele não calculou certo (por estar escuro e tonto) é que colocou sua cadeira de praia bem na ponta de uma pequena ribanceira que nos levava até o rio. Esse foi seu erro! Completada a missão Joca senta com toda sua vontade na cadeira para um longo imprevisível passeio.

Foi a primeira vez que vi um corpo se contorcer em variados movimentos ao mesmo tempo! Na primeira virada a cadeira se desprende do corpo de Joca (ou vice-versa sei lá) e ele continuou, como uma melancia desgovernada rolando ribanceira abaixo, não conseguíamos definir o que era a cabeça ou as pernas do meu amigo, seus movimentos foram diversos mas precisos, pois numa manobra felina conseguiu utilizar seus braços para,finalmente, parar na beirinha do rio.

Lógico que durante essa trajetória fomos atrás para socorrer, pois ao começar a gritar o “boa noite natureza” já estávamos na direção dele para um “deixa disso” de um possível ataque, mas graças a Deus, a não ser o susto nada aconteceu de grave, apenas um novo provérbio foi inventado por Joca “Acabei de descobrir que a vingança é, também, um prato que se come rolando”.

Glauciane Almeida
Enviado por Glauciane Almeida em 15/06/2010
Código do texto: T2320389
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