VIDA DE CÃO... EMBORA DE MADAME!
Hoje, logo pela manhã, o trânsito era o mesmo de sempre e se não fosse pelo inusitado, eu não estaria aqui apenas para o registro da conhecida confusão que se esboça já nas primeiras horas de todas as manhãs, cenas pra lá de comuns aqui pela cidade de São Paulo.
Pelas ruas e semáforos a gente vê de tudo, mas de tudo mesmo!
Costumo dizer que as ruas de Sampa e suas paradas obrigatórias são palcos inesperados de entretenimento,(quando não de violência) porque as cenas que se descortinam embasam as artes cênicas, cujos exóticos personagens sempre nos teatralizam os enredos da vida.
E como sempre, eu parada no trânsito observava o meu entorno na esperança de ver algo que me chamasse a atenção.
E vi. E como vi! Vi algo que nunca havia visto!
De repente, um astuto cãozinho de madame, aquele da raça poodle micro toy, um ponto branco em movimento qual um floco de neve e peludo como um algodão, aliás, um ser deveras contrastante com a cor da atmosfera esfumaçada de negro, apareceu na frente do meu carro a ziguezaguear pelo asfalto congestionado.
Não tardou para que eu percebesse um exército de gente correndo atrás dele, homens e mulheres com instrumentos na mãos, algumas tesouras, buchas, shampoos, alguns deles paramentados de branco , e que corriam desesperadamente atrás do cachorrinho na até então frustrada tentativa de recapturá-lo.
Alguém corria o risco de nunca mais rever o seu bichinho que resolvera abdicar de todo o glamour da vida...
Sim ,não foi difícil perceber que se tratava duma fuga do cãozinho porque ao meu lado na calçada, eu logo pude observar uma clínica veterinária acoplada a um perfumado Pet Shop.
O cachorro, pelo trânsito emperrado mais ainda, deu um baile danado nos profissionais, no guarda do cruzamento que apitava para todos seguirem adiante sem entender muito bem porque ninguém obedecia aos seus apitos. Muito menos o cãozinho que saiu em disparada...
Logo perdi a cena de vista e fiquei a imaginar o que diriam à madame do cão fugitivo, que sabiamente resolveu renunciar à entediante "vida de gente".
Optou mesmo...foi pela vida de cão!