No próximo mês de julho completo vinte anos de formado. Em 1990 recebi o diploma de bacharel pela centenária Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Naquela época não pressenti a dimensão da conquista nem imaginei a transformação que o curso provocaria em minha vida profissional e pessoal.

     Com o canudo na mão e sem o anel no dedo, viajei logo em seguida até a minha cidade natal, Várzea Alegre, para comemorar a formatura. Ali, certamente em face da minha desenvolvida estatura de pigmeu cearense, familiares e amigos sempre me trataram carinhosamente por Flavin.

     Ao chegar à pequena cidade do interior cearense, recebi o cumprimento de um humilde conterrâneo.

     - Eitafoimado, o fii de Luiz Silvino da Budega agora é dotô Flavin.

     Ciente de que o título de doutor não cabe ao simples bacharel, pouco acostumado à pompa do grau, e percebendo que o tratamento soava meio contraditório, supliquei:

     - Hômi, num carece me chamar assim não. Continua Flavin mesmo. Pois doutor e Flavin não casa direito não. É como mandar subir pra baixo.

(imagem Google)