UMA TROMBETA CHAMADA "CELULAR"

Não é de hoje que o celular se torna protagonista dos meus contos.

Este até seria uma crônica se por acaso tivesse sido eu a presenciar a cena que me foi contada, ocorrida dentro duma dessas vãs de lotação que percorrem a cidade de Sampa.

Porém, noutra oportunidade aqui contarei uma outra história "surreal" na qual fui plateia dentro dum vagão do metrô.

Mas como tenho presenciado histórias que me são trazidas pelo inferninho da "trombeta do celular", aliás, em vários lugares tais como no ambiente profissional , nos elevadores, nas calçadas, nos shoppings, aqui tomo a liberdade de recontar o que segue.

Naquele dia Dete chegou em casa pontualmente para o seu trabalho:às sete da matina.

E como sabe que escrevo, sempre me traz novidades do seu mundo.

E me contava um tanto agitada, mas às gargalhadas...uma história

que se referia a uma mulher "stressada" que atendeu o celular dentro da lotação, aonde geralmente as pessoas vêm em íntimo contato de tudo. Inclusive "de vida".

-O quê, não acredito, é você de novo? Mas por que não larga do meu pé?

Eu já não te falei que estou indo pro trabalho, meu? Estou na lotação, homem de Deus, e você não me dá sossego! Desse jeito não dá, tenho que respirar! O quê? Não percebe que os outros estão ouvindo? Olha, quer saber? Vê se me esquece!

Desligou o celular e aí começou a discussão comunitária "da relação" da moça, lá mesmo, dentro da vam-lotação!

"Tá certo, cabra que se preza cuida do que é seu!" dizia um.

"Com mulher é assim, tem que se levar no cabresto, dizia um outro!

"Ah, isso mesmo, larga ele já!, arranja um melhor, não tem coisa mais ruim que homem no pé da gente!", dizia uma outra feminista, um tanto mais revolucionária.

Já a Dete defende a opinião que seria melhor aguentar.

E eu ao ouvir e recontar o conto da Dete, logo pensei:

"Se de fato ele a esqueceu, o mundo agora se lembrará dela...