Joãozinho foi pra uma festa

Joãozinho foi pra uma festa e milagrosamente esperou sua vez de ser servido. Embora, meia hora antes tenha cochichado ao ouvido da mãe:

-Mãe, tou com fome!

A mãe com toda paciência explicou que o lanche seria servido dentro de trinta minutos. Joãozinho aceitou a explicação e voltou pra junto da gurizada, mas diferente das demais, estava de olho no relógio.

Na hora do lanche, toda criançada foi convidada a fazer fila, e Joãozinho, como sempre deu um jeito de ser o primeiro da ‘quilométrica’ fila. Enquanto isso, a mãe de Joãozinho ficava de longe espreitando o filho, e ficou abismada em ver tanta criança. De onde surgiu? Como souberam que haveria cachorro-quente, bolo de chocolate, pipoca, pirulito, doces, bombons, chicletes, confeitos, trufas, refrigerante... Contando por cima, dava umas oitenta, mas quanto mais a fila andava, mais parecia que aumentava de tamanho!

Joãozinho sai da fila com as mãos cheias, senta com outros amiguinhos. Cada um fica espiando disfarçadamente as porções uns dos outros. Ou será que descaradamente espiam pra avaliar quem pegou ficou no ‘prejuízo? A mãe disfarçadamente dá um sorriso de compreensão. Ela sabe, por que também já foi criança e aprontou, com certeza.

De repente surgem duas irmãs, pela semelhança dá pra ver que são gêmeas. Tem a mesma idade dos meninos e por ali vão se imprensando. O resto da história quem conta é o Joãozinho e uma jovem que estava perto acompanhando todo ‘combate’.

As gêmeas olham pra Joãozinho e o chamam de nojento. O menino quer uma explicação. As meninas dizem:

- Você é nojento pro ‘mode’ desses pingos que tá na sua cara.

Elas se referiam a dois sinais que Joãozinho tem. Um fica em cima da bochecha esquerda e a outra em cima do nariz. São dois sinais pequenininhos.

As irmãs não deram trégua.Mandaram mais uma daquelas.

-E esse gurducho aí, esse seu amigo é carniça.

A irmanzinha do menino que foi chamado de carniça correu pra sua mamãe, e chorando desesperadamente foi logo relatando o fato:

- Mamãe, as ‘mininas’, ‘chamou’ meu ‘mão’ de ‘canicha’!

Joãozinho abriu os braços, parecendo um galo de briga, e devolveu a ofensa:

- Carniça ‘é’ vocês! Caras de cancancan!

As meninas saíram de mansinho, a jovem pegou o galinho pelo braço e o levou até sua mãe. Chegando em casa os pais do Joãozinho ficaram sabendo. E procuraram saber da grande ‘batalha’.

- Vocês nem imaginam, elas me chamaram de nojento por que eu tenho esses sinais. Esses que a senhora disse pra mim que eram de nascença. Chamaram o Beto de gorducho e disseram um palavrão!

- Foi? Que palavrão foi esse?

- Eles chamarão o Beto de- aproximando do ouvido da mãe falou bem baixinho - carniça!

- E essa palavra é um palavrão?

- É sim, mamãe! Se não fosse, a senhora não diria que pessoa que fala palavra feia tem a boca cheia de carniça!

-Ah! É verdade, eu disse isso. Mas existe outro tipo de carniça que não é palavrão. Você já reparou que quando a gente passa em alguns lugares, há um cheiro ruim, e os urubus ficam voando por cima?

- Sim! Por isso mesmo, os animais também soltam palavrões e quando a ‘catinga’ sobe os urubus descem!

Joãozinho essa conversa parece que não vai dá pra gente terminar hoje. Mas me tire uma dúvida, que negócio é esse de cancancan?

- Sei lá! Surgiu na hora. Meu pensamento ‘eletrônico’ entrou como um raio e funcionou. As ‘metidas’ saíram correndo.

Fez uma pausa, respirou forte e acrescentou:

- Mamãe! Já decidi. Não quero casar não. As mulheres são mandonas! Quando eu crescer, vou comprar uma casa, mandar fazer uma piscina, acordar e dormir a hora que eu quiser.

- Ou meu filho, por acaso, você está dizendo que mamãe é quem manda no seu papai?

- Mamãe, eu vejo! A senhora ‘grita’: Ô amor, pega esse armário aqui pra mim! Ô amor, agora não é hora de assistir TV, venha trocar essa lâmpada. E o coitado do meu papai não consegue descansar e só faz responder: sim, querida. Já vou.

Dando um suspiro daqueles, acrescenta:

- Desse jeito, não há quem agüente. Ah, e antes que a senhora esqueça... o lanche só foi servido, UMA HORA DEPOIS!

24/05/10

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 31/05/2010
Reeditado em 31/05/2010
Código do texto: T2291102
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