Falar bem em público é uma arte admirável. Embora a comunicação oral seja uma ferramenta indispensável em minha atividade profissional, admito limitações no momento de falar em público.
Não bastassem outras deficiências, um amigo já advertiu que eu puxo a pele do pescoço enquanto palestro. Um tique nervoso, pois não noto que ajo assim. Afinal quem sofre do problema não percebe o involuntário movimento.
Certa vez, um colega de repartição da área de tecnologia, com pouca experiência com os microfones, me perguntou como ele havia se saído no dia anterior na apresentação de um trabalho em um concorrido evento público de nosso órgão. Eu, buscando ser o mais sincero possível, disse:
- Meu amigo, sua apresentação foi maravilhosa. Digna de muitos elogios. Mostrou segurança e conhecimento do tema exposto ao público. Muito boa mesmo. Mas me desculpe observar uma coisa. Você tem uma mania esquisita. Aqui e ali você dá uma coçadinha no saco.
Com a minha séria e convincente observação o colega entrou em desespero. Sua apresentação fora assistida por inúmeras pessoas, inclusive a cúpula do nosso e de outros órgãos convidados. Imediatamente saiu em direção ao setor de comunicação responsável pela gravação do evento.
No outro dia, cedo da manhã, ele foi à minha sala, e, antes de cairmos na maior gargalhada, me disse:
- Eita cearense, você me fez ver horas de gravação. Passei a noite revendo tudo. Não teve nada disso não. Só se era quando eu colocava as mãos no bolso.