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A política como ela é – O fazedor de promessas


 
         
Durante a campanha para prefeito fizera todo tipo de promessa. Nenhuma novidade até aí, porém quis passar seriedade e, para que o vento não levasse tais promessas,  pedia que  um rapazinho contratado para este fim anotasse uma a uma num caderninho.

        - Anote aí, meu Fi...
 
   PROMESSAS PARA QUANDO FOR ELEITO ATENDER:
 
- Seu Manoel da venda: quinhentos tijolos;
- Dona Luzia benzedeira: uma viagem para o Juazeiro do Norte;
-Seu Francisco Fonseca: uns óculos de grau;
 - Luiz de madrinha: uma grade de ferro para seu portão;
- Seu João  feirante: aposentadoria;
 -Zé de tia Cida: um emprego na prefeitura;
- Luizito de Pitoco: um par de alianças;
- Dona Sonia de Amaro: uma caçamba de areia;
 - Dona Maria costureira: aposentadoria;
 - Padre Josias: a reforma da capela de Sta Terezinha;
 -Dona Lúcia da rua de cima: Um enxoval de bebê;
 - ...........
          E assim a lista ocupou um, dois, três cadernos ou mais...Se as pessoas acreditavam  nele ou não, não se sabe mas, o fato é que  o candidato prometedor ganhou com uma boa margem de votos.
           No dia da posse, a cidade estava em polvorosa, não só pela banda de “Oxente Music” que animava os moradores e convidados mas porque todos queriam saber se cumpriria as promessas e quando pagaria cada uma delas.
          - Quem sabe? Dizia um.
           - É nunca! Dizia outro.
            Tapinhas nas costas, acenos, polegares para  o alto, era como o eleito respondia . Todos  tentavam dar um jeito de avivar sua memória de alguma forma, detalhar o pedido, etc.
        - Tá no caderninho, dizia a  um.
         - Tô lembrado, assegurava a outro...Só que Luizito de Pitoco não conseguiu chegar perto e na hora que o prometedor estava no palanque, na tentativa de lembrá-lo da promessa, insistiu num gesto curioso: Juntou o polegar e o indicador da mão esquerda enquanto "enfiava "o anular da direita no “buraco”, lembrando do par de alianças.
       Acenava e insistia tanto no gesto que lá do palco o prometedor amarelou. Chamou o rapazinho que anotava as promessas num canto e perguntou, desconfiado:
        -Ô meu Fi, repare aí se eu prometi dar o  *  prá  argum eleitor...