Por cima/Por baixo
Sempre que o Al Zheimer permite, vem à lembrança algumas brincadeiras infantis do tipo que se segue.
Minha pré-adolescência foi marcada por jogos de palavras como a seguir. Um das brincadeiras prediletas do meu professor de Português era a de encaixar as locuções do título em músicas. Então vamos lá.
Considere o poema-mãe da língua portuguesa:
"As armas e os barões assinalados (por cima)
Que da ocidental praia lusitana (por baixo)
Por mares nunca dantes navegados (por cima)
Passaram ainda além da Tapobrama (por baixo)
Em perigos e guerras esforçados (por cima)
Mais do que prometia a força humana (por baixo)
E entre gente remota edificaram ( por cima)
Novo Reino, que tanto sulimaram" (por baixo), e por aí vai......
Chegamos então a uma das maiores músicas do cancioneiro popular, de Ataulfo Alves, um dos grandes gênios da poesia musicada destas terras, que leva o título de Amélia, a mulher de verdade:
Eu nunca vi fazer tanta exigência (por cima)
Nem fazer o que você me faz (por baixo)
Você não sabe o que é consciência (por cima)
Nem vê que eu sou um pobre rapaz (por baixo)
Você só pensa em luxo e riqueza (por cima)
Tudo o que você vê, você quer (por baixo)
Ai meu Deus, que saudade da Amélia (por cima)
Aquilo sim é que era mulher (por baixo)
Às vezes passava fome ao meu lado (por cima)
E achava bonito não ter o que comer (por baixo)
E quando me via contrariado (por cima)
Dizia :Meu filho, o que se há de fazer (por baixo)
Amélia não tinha a menor vaidade (por cima)
Amélia é que era mulher de verdade (por baixo)
E para encerrar este texto, mas não a musicalidade deste povo varonil, nosso glorioso Hino, uma das três maravilhas musicais do planeta:
Ouviram, do Ipiranga as margens plácidas (por cima)
De um povo heróico o brado retumbante (por baixo).......
E o Hino da Independência:-
Já podeis, da Pátria filhos (por cima)
Ver contente, a mãe gentil (por baixo)
Já raiou, a liberdade (por cima)
No horizonte, do Brasil (por baixo), etc. etc.etc.........