HUMOR – Na escola!

 

            A educação no Brasil tem sido relegada a plano secundário, isso desde as primeiras letras e agora com o novo governo o negócio é colocar gente para estufar as faculdades, mesmo sem base sólida, praticamente extinguido o exame vestibular, que era um empecilho a que pessoas menos preparadas pudessem conseguir seu canudo de doutor.

            Já ouvi gente boa dizer que é melhor assim do que corroborar com falcatruas que existiriam do tipo: Gente fazer prova se passando pelo candidato; levar o gabarito antecipadamente para a sala das provas, e outras justificativas que não satisfazem, porquanto a desonestidade não pode ser paradigma pra coisa alguma.

            Bem, isso fora apenas uma derivação para podermos entrar no assunto do tema.

            Seu Manoel vinha lá do interior, das bandas do sertão do Rio Grande do Norte, limítrofe com o Ceará, para o sertão da Paraíba, e na sua bagagem seis filhos, sendo que o mais novo ainda dependia de estudos fundamentais.

            Procurou escola não as encontrou, salvo uma bem distante de casa, com paredes rachadas, teto pra desabar, sanitários imundos, carteiras danificadas, quadro negro sem fundo (era a própria parede), uma verdadeira catástrofe para um governo que é obrigado a fornecer educação boa, de qualidade e gratuita ao povo... Assim está na Constituição Federal, aquela lei maior da qual se esquecem a toda hora e rasgam-na à cara da gente.

            Começa não preparando os dedicados professores, que culpa alguma têm com esse descalabro, e tanto é assim que quase 600 mil docentes não possuem sequer o segundo grau completo, mas para ensinar os fundamentos até que se pode concordar.

            Pois bem, conta o domínio popular, que era o jeito matricular a criança, havia uma exigência no regulamento do Programa “Bolsa-família”, e o Manoel era cumpridor de seus deveres na expressão da palavra... pobreza não é vileza.

            No primeiro dia de aula, pois não havia o transporte público obrigatório, de bicicleta deixou seu filhinho na escola municipal. Apesar de tudo, a frequência era grande, isso porque o prefeito fazia das tripas coração para conceder um lanche por volta das 10.00 horas da manhã, com produtos agrícolas locais, pois saía bem mais barato do que comprar no mercado. As criaturinhas iam pra escola muito mais pela comida gratuita.

As verbas federais atrasavam demais, e suportar tamanha carga de descontos na hora do FPM era demasiado para um político da estirpe do prefeito, ora sem partido, isso desde o tempo do famigerado esquema fraudulento do “Mensalão”... Pertencia ao PT e dele saíra por desgosto. Olha, o FPM decresceu por conta da dispensa do IPI na venda de carros novos, medida para ajudar indústrias e gente das classes mais privilegiadas.

            Quando chegou para o jantar, Manoel foi direto falar com seu filhinho a propósito do primeiro dia de aula. Viu logo o dever de casa, naquele bloco de papel parecido com higiênico. – Vamos ajudar no seu trabalho escolar... que letra é essa ? (apontando para o A). – B, respondera o garoto; e esta, apontando para o B? – C, falara o menino; agora quero ver, e essa, mostrando o C? – Ah! Essa é D meu pai. Desistiu, nem fez outra tentativa. – Tá danado, resmungou seu Manoel

            No outro dia de manhã, juntamente com o pobre coitado, foi à escola. Apresentaram-lhe a professora dele, tal dona DIDA, que questionada a respeito falara que a culpa de não aprender era da criança, muito mal nutrida, coitada! Seu Manoel ficara fulo da vida, e resolvera desembuchar. -- Olhe senhora, na terra que A for B; que B for C; que C for D e que a professora for DIDA meu filho não estuda mais não. Passe bem.

            E partiram com a gota serena...

 

Em revisão. 

ansilgus
Enviado por ansilgus em 26/04/2010
Reeditado em 27/04/2010
Código do texto: T2221120
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