UM MUTIRÃO ONDE PAGUEI O MAIOR MICO DA MINHA VIDA.

O MOTIRÃO

Depois da nossa pescaria, já fazia algum tempo que ninguém mais tinha visto Zé do brejo na pracinha da currutela contando suas historias. – Zé havia saído em busca de trabalho. Estava no período da safra e nesta época os agricultores contratavam muita mão de obra para ajudarem nas suas colheitas. Lá pras banda do quiabo assado havia muita lavoura e foi por lá que Zé passou uma boa temporada colhendo arroz, feijão e milho, até ganhar um bom dinheiro pra voltar pra casa.

Era um dia de sábado, havia muita gente na pracinha. Nós estávamos comentando exatamente sobre o sumiço do Zé quando ele apareceu caminhando bem apressado de cabeça baixa, com seu chapéu de palha, a calça regaçada na canela e sem dar atenção a ninguém. Quando ele ia passando depressa, bem enfrente a turma de amigos que falava do seu sumiço, - Nego, nosso companheiro de pescaria, que morava perto da casa do Zé, gritou bem alto... - Hei Zé... Você não vem aqui contar uma mentira pra nós hoje? Estamos sentindo falta das suas mentiras... – Agora eu não posso Nego. Respondeu Zé do Brejo sem interromper a caminhada... - Estou indo avisar o seu pai que a mãe dele, sua avó acabou de sofrer um piripaque, (ataque cardíaco), não sei se ele ainda vai encontrá-la com vida. Zé respondeu num tom de preocupação, não deu atenção a ninguém, baixou a cabeça e continuou caminhando bem apressado.

- Nego e os companheiros desceram correndo e foram ver o que havia acontecido com a velha. Só que tudo não passou de mais uma armação do Zé do brejo. Ao chegarem lá, todos viram a vovó trabalhando muito feliz e com uma saúde de ferro. - Nego com cara de bobo, olhou para os companheiros que lhes responderam ao mesmo tempo... – você não queria que ele contasse uma mentira... Pois essa é a mentira que ele acabou de nos pregar.

Zé do brejo estava sempre de bom humor, sempre que precisava ele tinha uma carta na manga para dar a sua ultima jogada. Quando Nego e os companheiros voltaram da casa da vovó com um semblante de bestas, Zé do brejo já estava sentado no banco da pracinha só esperando os seus amigos chegarem para contar a sua mais recente aventura.

- Vocês nem imaginam o que aconteceu comigo La pras banda do quiabo! Estão vendo o meu dedo enfaixado?- O que aconteceu Zé do brejo?- Perguntaram os companheiros já curiosos... - Eu estava trabalhando na fazenda do coronel Jeremias, colhendo arroz na de terça. Na sexta feira à tarde o patrão reuniu toda a piãozada para ter uma conversa antes de liberar nós do serviço.

¬ - Olha moçada, disse o patrão Coronel Jeremias... O compadre Geraldo mandou convidar todos vocês para ir a manhã no mutirão que ele vai fazer no seu sítio para colher sua lavoura que esta passando da hora. – mal o patrão acabou de fazer o convite, respondi logo... Eu vou nesse mutirão. - Mutirão tem muita comida, tem muita bebida, tem moça bonita e a noite sempre tem um bailão sertanejo pra gente agarrar na cintura das meninas.

No outro dia bem cedo eu fui um dos primeiros que cheguei lá no rancho do compadre Geraldo para ajudar colher sua roça. Ele ainda tava tirando leite das vacas. Mal acabei de cumprimentá-lo, chegou uma de suas filhas carregando uma garrafa de café e alguns copos. – me cumprimentou com um sorriso em seguida disse... Trouxe o café papai... Depois de colocar a bandeja no banco onde estavam os baldes de leite, me deu mais uma olhada, desta vez, mais demorada, deu meia volta e voltou lá para o interior da casa, que ficava próxima do curral. Eu também olhei pra ela e disse pra mim mesmo... Esse mutirão aqui hoje vai ser bão dimais. O povo do quiabo era muito solidário, compareceram mais de 50 trabalhadores, sem contar com muitas mulheres e moças bonitas, que também foram pra ajudar na cozinha. Entre elas estava às três encantadas filhas do compadre Geraldo que também levantaram bem cedo para ajudar nos preparativos do almoço.

Compadre Geraldo acabou de tirar o leite, me ofereceu uma copada de leite com café e biscoitos assados no forno do sítio pela Dona Maria sua esposa, depois me pediu pra ajudar-lo a matar um capado de umas dez arrobas pra fazer carne pra piãozada comer durante o mutirão. Quando nós tava abrindo o porco, eu cheguei a lamber os beices me lembrando daquela suã com arroz. Era o meu prato predileto.

goiano
Enviado por goiano em 24/04/2010
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