Feriado? Não! Imposto de Renda.
Legal! Hoje é feriado. Acordei pensando que tudo seria tranqüilo. Mas que nada, logo as sete e cinqüenta toca o telefone, era o Avelino, de Peruíbe, para me informar os valores para a sua declaração. Anotei seus dados e liguei a TV para saber de alguma notícia, mas desliguei em seguida, voltei para a cama.
Oito e meia, o telefone de novo, era a Rita perguntando se já podia trazer o bolo. Sim, eu lhe disse e em poucos minutos toca o interfone:- Dona Rita na portaria. Ela subiu e deixou o bolo. Esse bolo eu encomendei a pedido do José Luiz para o aniversário de sua esposa a Patrícia. O bolo ficaria em minha geladeira até a tarde. Tudo bem. Aí resolvi fazer um café.
Nove horas o telefone apitou. A Iara ligou para me dar valores que ficaram faltando para completar a sua declaração. E eu só anotando.
Nove e meia, de novo o telefone e agora era o Alemão perguntando se poderia passar às 11 horas para trazer sua papelada.
Nove e quarenta e cinco, telefonou o Benedito. Concordei que ele viesse ao meio dia, para o quê? Trazer seus documentos, os do pai e de sua irmã. Tudo bem! Eu agüento.
Já eram dez horas, o que aconteceu? O telefone tocou e era o José Luiz perguntando se a boleira havia trazido o bolo. Todo feliz ficou de vir buscá-lo às 14 horas. Aí me deu uma fominha, fiz um suco de frutas e comi um pedaço de queijo. Em seguida, abri o programa da Receita e comecei adiantando o que desse.
Às onze e quinze tocou o interfone. Era o Alemão. Ele trouxe um envelope enorme, onde estavam declarações de vários anos atrás. Aos poucos conseguiu selecionar os papeis referentes a 2009. Está tudo aqui. Eu os conferi e verifiquei que estava faltando o Informe de Rendimentos de onde ele trabalha. Mexeu e remexeu de novo naqueles papeis e concluiu que o havia deixado numa gaveta em casa. Eu vou até lá buscar. Tudo bem, Alemão.
Onze e meia e toca o telefone. Era de novo o José Luiz perguntando se na minha geladeira havia lugar para duas dúzias de cervejas. Sim, traga todas aqui que eu dou um jeito.
Em quinze minutos ele e mais um rapaz chegaram com as garrafas. A minha geladeira é como coração de mãe, sempre cabe mais um ou mais.
Meio dia, meio dia e quinze e nada do Benedito chegar. Toca o interfone e era o Alemão que em um minuto em entregou o Informe e logo se foi.
Meio dia e meia de novo o interfone tocando. Era então o Benedito que chegou. Trouxe a papelada, e como sempre, ficou faltando datas, valores, CNPJ de uma empresa, etc. Ele se foi e prometeu me telefonar na sexta-feira para sanar as pendências.
Uma hora e meia da tarde e de novo tocou o interfone. O porteiro já não estava entendendo nada. Era aquele rapaz que trouxe cervejas, mas agora veio para levar uma dúzia.
Eram quase duas horas quando de novo tocou o interfone. Era o Benedito que havia esquecido o seu celular em cima de minha TV.
Voltei ao programa da Receita para preparar uma declaração. Mas que nada... Toca o telefone e era o Dr. Ivo que queria me entregar sua papelada.
Em meia hora ele chegou. Examina daqui e dali. E para variar, surgiu um problema porque ele havia comprado um carro de R$ 23 mil à vista e, como muita gente não declara realmente o que ganha, a sua renda no ano não lhe permitiria adquirir tal veículo à vista. Sugeri que ele aumentasse os valores que recebeu de pessoa física para justificar a compra. Ficou de pensar sobre o caso e na sexta-feira irá me telefonar ou virá aqui pessoalmente para resolver a situação.
A essa altura eu já estava verde de fome. Acendi o bico do gás. Tocou o telefone, era o José Luiz informando que às três e meia ele mais o rapaz viriam para buscar o bolo e levar as garrafas restantes. Tudo bem!
Fui à geladeira e resolvi esquentar em banho-maria um pouco de risoto com ervilhas que era de ontem, mas estava uma delícia. Comi o gostozinho do risoto e também uma pêra. Voltei ao programa da Receita. Adiantei o que pude e já eram quase quatro quando o interfone tocou. Era o José Luiz e o rapaz. O Zé me ofertou uma cerveja mais não aceitei. Não gosto de beber em casa. Levaram tudo. Coloquei um CD de jazz para tocar. Fechei a janela, me deitei e fiquei a ouvi-lo até o final, para me aliviar, me acalmar o corpo e a cabeça. Desisti de continuar com as declarações. Tomei um banho, me arrumei toda e resolvi sair; agora eu vou tomar uma cerveja.
Ao passar pela portaria o porteiro me falou:-
“Dona Deyse, desculpe-me perguntar. Eu pensei que fosse seu aniversário, mas depois vi o bolo indo embora. Toda essa gente é amigo da senhora?”
Respondi:- “Não é meu aniversário, antes fosse. E eles não são meus amigos, são meus inimigos.”
Ele ficou me olhando sem dizer nada e eu fui diretamente a uma lanchonete para tomar tranquilamente a minha cerveja, quando já estava anoitecendo. Belo dia de Feriado, né? Tranquiiiiiilo!