HUMOR – O Alfaiate (II)

 

            Continuando com as peripécias do Nonô, cuja fama viajava por todo o Estado de Sergipe, quiçá no nordeste, uma passagem deveras interessante ocorrera com a encomenda de um de seus novos clientes, daqueles não acostumados a usar traje de passeio completo (paletó e gravata), marinheiro deprimeira viagem, digamos assim.

            -- Seu Nonô, boa tarde, preciso de que o senhor me faça um terno com a maior rapidez possível, pois tenho alguns compromissos sociais no final de semana e quero me apresentar à altura, principalmente na formatura de minha única filha, a Mariazinha. – Pois não, trouxe o tecido... quantos metros? – Está aqui mestre, e entregou-lhe o pacote com um corte de tropical fino, azul, que estava na moda.

            -- Vamos tirar as suas medidas, venha cá... e o artífice foi anotando tudo direitinho na sua caderneta. – E então, o que me diz a respeito, perguntara o cliente? – Hoje é segunda-feira, amanhã o senhor já poderá prová-lo. – Já, mestre? – Aqui não se brinca meu caro.

            No outro dia lá estava o Juvenal para provar aquilo que seria o seu primeiro terno. Um acerto aqui, um recorte acolá, e lá ia seu Nonô fazendo os ajustes com aquela penca de alfinetes que usava. – Quantos botões vai querer? – Ao seu critério, por favor. -- Ok, rapaz, no sábado pela manhã pode vir buscar sua roupa, sem falta.

            Juvenal pagara sua bicicleta e partiu pra casa. No meio do caminho, entretanto, pensara que aquele pano todo daria pra fazer dois ternos, o alfaiate poderia estar lhe enganando. Voltou ao ateliê e foi direto ao assunto: -- Sabe, Nonô, pensando melhor esse corte de tecido pode dar duas roupas bem gabaritadas, o que acha? – Com jeito, quem sabe, pode vir no sábado que tudo estará concluído!

            Contente, Juvenal fora pra casa e em chegando ao destino contara tudo a sua mulher, econômica pra valer. – Rapaz, você tá maluco, a minha vizinha me falou que um lote de pano daquele pode dar três ternos... E se brincar... Talvez quatro, caindo na risada...

            O pobre coitado retornou à oficina: -- Nonô a minha esposa me falou que com muito tirocínio esse pano pode dar três ternos até com folga, será? – Vamos tentar, Juvenal, o prazo continua mantido para sábado que vem, arrematara o oficial da tesoura. – Eu sabia, pensara baixinho o freguês, cantarolando algumas músicas.

            Dito e feito. No dia estipulado, contente da vida, aquele que seria o mais elegante da cidade chegou para buscar suas roupas. – Tudo pronto seu Nonô? – Nunca falho nos prazos senhor. – Muito bem, é por este motivo que todos aqui o apreciam! – Nem tanto, nem tanto, e pra sua mulher: Chica traz os ternos do Juvenal. – Os três, perguntara? – Sim, claro, e por que não...

            Para espanto do cliente chega a senhora com três roupinhas de crianças, três ternos sim senhor. – Mas seu Nonô, isso não vai dar em mim! – Apenas fiz o que o senhor mandou, e graças a Deus que não optou por quatro... E caiu numa gostosa gargalhada...

            E ainda teve de ajustar o preço...

            Moral da história a cargo dos leitores...

 

Um abraço.

Fico por aqui.

Qualquer semelhança é mera coincidência.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 19/04/2010
Código do texto: T2206372
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