HUMOR – O alfaiate!

 

Contam que lá pras bandas de Sergipe, na cidade de Laranjeiras, havia um exímio alfaiate, seu Nonô, conhecido em todo o Estado, mercê de seu talhe perfeito e da famosa agulha que possuía. Além do mais, o que mais caracterizava seu prestígio era o cumprimento dos prazos estabelecidos aos seus clientes. Hoje essa linda profissão está sumindo no país, em face das fábricas que chegaram com o desenvolvimento.

Seu ateliê vivia sobrecarregado de encomendas, era gente de todo lugar, corria mundo sua fama. Seu único pecado, segundo falam, era o vício do baralho, adorava um jogo de relancinho, aquele de nove cartas, que qualquer garoto sabe manejar.

Haveria um casamento importante na cidade, da filha de um grande político com um industrial da cana de açúcar. Dentre as encomendas de roupas, uma se destacara, porquanto o novo freguês nunca havia usado um terno de paletó e gravata. Dudu era sua graça, um trabalhador da usina do noivo, que o distinguira com um convite especial, tanto que lhe dera até o tecido, um corte de brim lindo de seis metros.

Tiradas as medidas, e devidamente anotadas no seu caderno, seu Nonô marcara a entrega da roupa para a véspera do evento, tempo suficiente para que cumprisse o compromisso; afinal essa era a sua marca registrada. – Não vai ser necessária nem a costumeira prova senhor Dudu.

Pois bem, o rapaz montou na sua bicicleta e rumou para a sua casa, que era pertinho, e contente da vida contou tudo pra sua esposa, que também já havia ido à costureira providenciar seu vestido novo para o pomposo acontecimento.

Nonô passara a semana enfiado no danado do jogo, dinheiro que era bom não mais havia para continuar naquele vício dos infernos dos cachorros doidos, até que a única opção fora apostar justamente o corte de tecido do seu amigo Dudu, numa tentativa desesperada de conseguir o retorno da grana que havia perdido; a esperança é a última que morre, pensara...           

Por arte do capeta, perdera mais uma vez. O que dizer ao freguês era uma enrascada que o deixava completamente abirobado, mas pusera seu crânio pra funcionar... Quem sabe acharia uma saída!

Eis que chega o dia apalavrado... Na hora exata lá estava o Dudu em busca da encomenda. Alfaiate escolado dava nó em pingo d’água, pediu ao rapaz que o acompanhasse até a loja de recidos que ficava ao lado de sua oficina. Em lá chegando, cumprimentou a todos e chamara o gerente para uma conversa na presença do cliente.

 – Diga-me uma coisa, gerente, e apontando, quantos metros possui uma peça de brim igual àquela ali em cima? – Cem metros senhor Nonô, por quê? – Quando se lava antes da costura quantos metros encolhe, poderia nos dizer aqui e agora? – Exatamente seis metros segundo o nosso manual do fabricante.

Seu Nonô olhando para o Dudu, na maior cara de pau lhe dissera: -- Justamente os seis metros que o senhor deixou...

 

 

Domínio público.

Qualquer semelhança é mera coincidência.

Um abraço.

Imagem Google.

 

ansilgus
Enviado por ansilgus em 18/04/2010
Reeditado em 18/04/2010
Código do texto: T2204282
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