No meu tempo de criança, morava numa casa de pouca construção, todavia encravada em um bom terreno, que dava muito bem para o velho pai plantar suas hortaliças, a fim de ajudar no consumo da família. A rigor era uma viela com pouco mais de cinquenta casas.

            Custo de vida caro, e essa história é bastante longa, ninguém nunca ouviu dizer que as coisas estavam amenas para os pobres, que sempe viviam na base da miséria do salário-mínimo.

            Pois bem, lá nós tínhamos coentro, couve, pimentão, tomate, quiabo, alface, cebolinha e tudo o mais que se quisesse cultivar, porquanto a terra era fértil, aqui e ali um estrumezinho de galinha ou de gado bovino.

            Incentivado pelos colegas da vila, resolvera seu Viino plantar macaxeira, da mesma família da mandioca e do aipim, alimento rico em raízes, que se pode comer tanto cozida como assada, fritada, como se fosse batatinha em palha, e também entra bem como tira-gosto. Com carne de sol não há quem resista, sustenta qualquer um sujeito que ande fraco das pernas, bambeando sem fazer nada.

            Depois de seis meses a plantação estava linda, a curiosidade era geral e já se poderia colher os frutos. Foi o que fizera o nobre operário. Ao arrancar os primeiros pés as raízes foram saindo, cada uma maior do que outra. Alegria geral, a produção era tanta que seria até muito egoísmo daquele pequeno agricultor não distribuí-la com os seus vizinhos, na maioria colegas de emprego.

            Foi o que fizera sem discriminação, de forma que ninguém poderia reclamar coisa alguma, porquanto todos lá no arruado provaram da saborosa macaxeira do velho...

Qualquer semelhança é mera coincidência.

Em revisão.