E OS VOTOS FORAM PRO BREJO
A campanha política corria solta!
Era umas nove da noite e eu estava no Bar do Zé da Égua, numa roda de conversa regada a cerveja.
Chegou um amigo, cabo eleitoral de algum candidato, e pediu que eu desse uma carona pra um sujeito até a chácara onde morava.
Disse ele:
___É logo ali, pertinho!
___Está bem, vamos lá!
O carona que carregava uma mochila bem cheia, acompanhou-me até o carro e la fomos nós.
Quando chegamos no destino ele me pediu:
___Por favor, leve-me até o bar que preciso comprar cigarro!
Achei estranho!
Afinal, seguindo adiante o que havia era a zona do baixo meretrício às margens da rodovia. Mas, já que tinha ido até ali, por respeito ao meu amigo, segui em frente. Um instante depois estava diante de uma das casas que tinha um barzinho. O carona desceu, foi até o balcão, mas em vez de comprar logo o cigarro e sair, o danado ficou no chamego com umas donas que o rodearam.
Aguardei um pouco e depois dei um toque na buzina. Ele fez um sinal com a mão como quem diz "já vou" e continuou numa boa.
Buzinei novamente!
O folgado foi até a porta do meu carro e disse:
___Pô, meu! Que pressa é essa?
Perdi a paciência!
Peguei a mochila e atirei em sua cara, bradando um "fique aí, vagabundo" e antes que ele pudesse reagir afundei o pé no acelerador jogando terra e sumi na escuridão da noite.
Quando retornei ao bar, o cabo eleitoral foi até minha mesa levando uma cerveja como presente e falou contente:
___Rapaz, você me fez um favorzão! Aquele sujeito é de uma família que tem mais de vinte votos e se a gente não dá a carona, já viu né, fica magoado e adeus votos!
Respondi:
___Então, seu candidato acaba de perder vinte votos!
___O que?!
Depois que contei o ocorrido, ele deu o veredito:
___Você não sabe fazer política!!!