Rena de Presépio com orgulho, sim, senhor!

E não é que aquela rena estava feliz?! Tanto que se assumiu Rena - de Presépio, entre outros endereços e adereços.

Bom, para entender a presepada (perdões mil pelo trocadilho infame, pessoal, mas foi compulsivo!) há que se ler "A rena no presépio", disponível em http://www.recantodasletras.com.br/humor/2020920.

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Pronto? Então lá vai: Benilde, a Brilhante, encontrou o bicho na Páscoa.

E foi enorme a surpresa, porque a estrutura de arame e luzes desandou a reclamar sobre minha parcialidade e ignorância, uma vez que eu, sem saber de circunstâncias ou motivações que ocasionaram a esdrúxula situação, pus-me a julgar cri-crimente que lugar de rena é puxando o trenó do Bom Velhinho. (Considero, no entanto, ser Benilde mais cruel que eu: para ela, as outras 'renas' 'puxariam o saco' de bons (ou maus) velhinhos (ou mocinhos), deixando implícita a falta de competência até para função tão simples.)

Mas voltando ao desabafo da Rena, eis a lista de motivos justos à troca de lugares/funções:

Primeiro: após séculos assistindo Papai Noel redondo e vermelho distribuir presentes de todos os formatos e cores a um punhado de crianças e adultos que, coincidentemente, ganhavam coisas - via de regra - compradas, cansou. Queria o gostinho de SER um presente livre, preferencialmente vivo, algo inédito, inusitado. E qual local melhor que em um presépio, onde a paupérrima Família Sagrada aceita - sem pejo - olhares profanos e ricos de admiração? (Benilde, calólica devota, crê neste argumento uma epifania.)

Segundo: não se tem registro do Menino com gato, coelho ou porquinho da Índia, é certo, mas a Rena sempre questionou a falta de um animal de estimação para a Sagrada Família. Então, adotou a postura de cachorro pachorrento - até porque o calor, seja em Belém ou na simpática e sempre Morada Nova, é mesmo de rachar! E ela se sentia uma espécie de 'Baleia' - uma pena que, ao invés de Graciliano, Gina é que se metera a escrever sobre ela...

Terceiro e último e tão importante quanto os outros: quem, nunca na vida, tentou coisa diferente - comer, gostar, ser, estar? A mesmice desencanta, disparou impachorrentamente a Rena; a mesmice nivela por baixo, faz com que o belo se torne amorfo e morno, a paixão vire cinza donde nem fênix ressurge!

Então, quando uma pessoinha em crise de estilo - de acordo com meus parâmetros cri-cris - montou-a deitadinha e plácida e prateadinha no espaço quatro por quatro com cerquinha e toldo, ela ficou feliz que nem pinto em monturo.

Eu, que vi a decoração da Casa de Papai Noel, sei que havia muitas renas e lá não cabia mais nada; a idéia de acomodar mais um bicho pode ter sido do tipo "vamos colocá-lo no presépio, é tão pertinho", mas eis que, por causa de um equívoco ou despropósito, a Rena ganhou o Natal.

E pode não parecer, mas fiquei contente à beça ao saber da Rena pulando para lá e para cá com uma cenoura na boca, no domingo de Páscoa; creio que tinha também uma cesta de ovos de chocolate, mas desconfio que Benilde comeu tudo...

Porém, de uma coisa tenho certeza: estou com a Rena e não abro! Mesmice é, mesmo, uma maléfica modernidade. E devemos, sempre, cutucar os resultados por trás das aparências.

De resto, Benilde e eu esperamos ansiosas por novas personagens.

(Como podem perceber, nossas conversas à beira da calçada têm rendido. Que fique claro: a idéia foi da Brilhante, sobrou para mim a parte fácil. Gratíssima pela inspiração, Sócia!)

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 06/04/2010
Reeditado em 26/06/2010
Código do texto: T2180522
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