Pegadas deslizantes

Trocando passos apressados pela estrada ensolarada

No afã do reencontro

Sentindo o vento nos cabelos, a poeira nos olhos

Gotas de suor e ansiedade escorriam pela testa

Súbito, os passos outrora tão vulgares

Tão duros, tão pesados

Agora sentia leveza e maciez

Surpreendente suavidade logo abaixo de meus pés

Deslizava com a beleza de uma esbelta patinadora

A orla das calças apegava-se aos tornozelo, úmida

O solado grotesco dos calçados

Tão leve, escorregava como um perfumado sabonete

Que, por entre dedos femininos e delicados

Encontra fuga para sobre os azulejos

E patina ao encontro da liberdade

Minha odicéia, embora tão curta quanto a inspiração deste poema

Parecia infindável o deslize alucinante

De olhos fechados, peito aberto, intrépido

Depois de um metro fui ao chão estatelado

O deslize, tão fascinante, tão suave

Não era epifania que senti no coração desejante

Apesar de me sentir penetrando o mar celeste

Pisei na bosta e penetrei as costelas na calçada

Krummel
Enviado por Krummel em 02/04/2010
Código do texto: T2173450
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