O MALAMÉM

Na sala de aula, a professora tentando ajudar aos alunos, aconselhando que eles não teriam que ter medo de nada, começou a perguntar:

- Mariazinha

- Pois não fessora

- Do que você tem medo?

- Ah! fessora! Eu tenho medo de mula-sem-cabeça.

- Mas isso é uma lenda, Mariazinha. Isso não existe. Não precisamos ter medo.

- E você, Pedrinho? Também tem medo de mula-sem-cabeça? - Perguntou a mestra.

- Não fessora. Eu tenho medo de lobisomem. Minha vó contava que na quaresma eles saem nas noites de lua cheia!

- Mas isso também é lenda! Isso é crendice popular! Não existe! - Respondeu a professora. Não precisa ter medo!

- E você, Paulinho?

- Fessora, eu tenho medo boitatá. Dizem que é quando o cumpadi c'a cumadi se casa, eles vira boitatá.

- Não, Paulinho. Gritou a professora. - Isso também e´crendice popular! Não existe, não precisa ficar com medo!

Finalmente chegou a vez do Joãozinho.

- E você Joãozinho, do que tem medo? Tem medo de alguma coisa? - Perguntou.

Respondeu Joãozinho dando um pulo do seu lugar:

- Ah! Fessora. Não tenho medo de nada!

- De nada mesmo? Disse a professora.

- Nada fessora. Só tenho medo do tar de MALAMÉM! Esse dever ser muito perigoso! É a única coisa que tenho medo.

- MALAMÉM? - Perguntou de novo a professora. O que é MALAMÉM?

Respodeu o Joãozinho:

- O que é, não sei. Mas só sei que é perigoso, porque minha mãe todas as noites quando reza, ela diz: “livrai-nos do MALAMÉM!”. Esse MALAMÉM, deve ser terrível!

(Christiano Nunes)

Obs. Esse texto, foi fruto de uma conversa que ouvi entre alguns caminhoneiros, num restaurante.