UM APITO PARA O OUTRO MUNDO!
Era um dia comum e eu vinha naquela rotina de sempre a enfrentar o árduo trânsito da cidade, justamente pensando de que maneira-e se algum dia n'algum lugar! -eu conseguiria me ver livre daquele inferno.
E quando pensamos em inferno obviamente há que se ter um céu como referência.
E o meu céu seria apenas, NESTA VIDA!, poder trafegar sossegadamente com as minhas próprias pernas pela cidade, sem respirar fumaça negra e sem perder horas do meu precioso tempo sem sair do lugar.
Sonhos simples, aqueles dos meros mortais deste mundo, cujo sossego tão sonhado talvez me fosse possível só lá mesmo... no dito "outro mundo!".
"Ali sim , as coisas deveriam ser bem diferentes", pensei momentaneamente.
Vinha então "em vida" pensando o que ora descrevo, quando um apito dum guarda de trânsito me trouxe ao meu inferno de sempre e me levou bem próximo do outro mundo.
De súbito o fluxo do trânsito fora desviado pela via colateral em virtude dum acidente que obstruia o tráfego costumeiro.
Quando olhei o entorno, todos os automóveis passávamos pelas vielas que cortavam um silêncioso e aconchegante cemitério, e eu estava ali, passeando no outro mundo, entre os misteriosos jazigos que agora trepidavam incomodados com a confusão, no ressoar estridente do conjunto de buzinas que reclamavam pelo seu espaço entre os habitantes do lado de lá!
Espaço...silêncio...sossego. Seria realmente possível concretizar o meu sonho mortal, naquela vida de tranquilidade, ao menos na do lado de lá?
Que nada, pelo que vi ali... sossego?-mas nem morta!
Verídico.