Meu Reality Show
Reality Shows.
Não sou um apreciador desse tipo de entretenimento televisivo mas estive pensando em um cujo formato certamente atrairia minha atenção.
BBB's, Fazendas, Casas dos Artistas e afins chamam a atenção do grande público e estouram a boca do balão em termos de audiência porque é fácil para as pessoas normais se imaginarem confinadas ali dentro, enfrentando conflitos banais como brigas com quem não ajuda a lavar a louça na cozinha (ou que faz porquice a vista dos demais, ouve música alta, fala demais, blá blá blá...).
O isolamento grupal eleva tais trivialidades a níveis e confrontos épicos de onde (aos olhos do telespectador) emergem os heróis e vilões da vez. O povo se identifica ali, toma partido deste ou daquele participante e passa a execrar (ainda que não saiba o que isso significa) os outros.
Tudo vira uma enorme celebração do cotidiano comum e banal onde, na verdade, ninguém sai perdendo nada já que mesmo os eliminados conquistam seu lugar ao sol, passando a ser assediados pela mídia e capitalizando o máximo possível sobre a situação.
No meu Reality Show (que chamarei de A ILHA) essa questão seria resolvida.
Perdeu, perdeu mesmo.
Até porque apenas um participante sairia com vida do jogo...
Minha idéia foi basicamente inspirada no livro O Caso dos Dez Negrinhos de Agatha Christie, com pitadas do conto O Sobrevivente de Stephen King e, CLARO, no personagem Grande Irmão (do romance 1984) de George Orwell.
Seria mais ou menos assim:
Dez participantes (sendo cinco homens e cinco mulheres) seriam trancafiados em uma ilha (com direito a mansão e tudo) e vigiados vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
Os selecionados para participar seriam estereótipos básicos: o machão, o gay, a patricinha, a biscate, o religioso, a lésbica, o malandro, e por aí vai.
Cada um deles assinaria um contrato onde estará muito bem frisado que apenas um sairá dA ILHA com vida, embolsando uma quantia milionária em dinheiro e com imunidade jurídica por tudo que possa vir a acontecer durante o programa.
Se você acha que ninguém seria capaz de assinar por livre e expontânea vontade um termo desses, puxe um pouco pela memória que vai descobrir gente que faz coisa pior por bem menos grana.
A primeira semana seria de adaptação, pro pessoal ir se conhecendo melhor, formando as famosas panelinhas, tudo bem light.
Terminada essa fase, os participantes seriam chamados a uma sala de votação onde deveriam escolher (através de voto secreto) quem seria a vítima da semana. Este resultado só seria conhecido pelo público, que então iria optar entre os remanescentes por quem seria o assassino da semana. Após o término da "eleição" semanal, todos deveriam ser enviados de volta aos seus aposentos onde um dos participantes iria receber a informação de que é o matador da vez e quem foi a vítima escolhida pela audiência (vítima essa que, obviamente, não deve saber que está com os dias contados).
O carrasco terá então o prazo máximo de uma semana para eliminar seu alvo.
Todos os participantes estarão cientes que há um matador entre eles, que qualquer um pode ser a vítima e que tem todo o direito de se defender da maneira que julgar necessária.
Se porventura a vítima conseguir se safar do ataque, deve eliminar seu algoz para prosseguir nA ILHA.
Se o assassino não conseguir matar a vítima no prazo estabelecido (por falta de oportunidade, conflitos morais ou qualquer outro motivo), será executado.
Se uma vítima matar outra achando tratar-se do assassino (isso pode acontecer devido a pressão do ambiente), será executada também.
Caberá ao público decidir se a execução será sem ou com sofrimento. Aliás, para esses casos, grandes personalidades do meio artístico (e, futuramente, vencedores das edições anteriores dA ILHA) poderiam dar suas idéias: "Ah, esse eu queria que tivesse os membros decepados e sangrasse até a morte", ou "Eu sempre quis ver alguém ser comido vivo por ratos... ou piranhas!".
Conforme o tempo de confinamento fosse aumentando (e o número de participantes diminuindo), as regras poderiam ser levemente alteradas, para sair um pouco do tedioso lugar-comum.
Que tal se em uma oportunidade o participante fosse alertado de sua condição de vítima, deixando seus nervos mais a flor-da-pele do que nunca, em um estado de paranóia extrema?
E se o assassino pudesse escolher quem eliminaria daquela vez?
Os crimes deveriam ser executados da melhor e mais eficiente maneira possível pelo assassino, valendo usar a faca de manteiga da cozinha, o tesourão de jardinagem, empurrar da sacada, colocar produto de limpeza na bebida, usar as próprias mãos.
O importante é matar!