Compra de cigarros
Uma cantora popular chamada Marlene, de muita personalidade e brejeirice, mas de pouca voz, rodopiava no palco do teatro João Caetano e cantava uma marcha de carnaval, interessantíssima: “Mamãe quer saber, onde é que o velho vai, pode até chover, que toda noite ele sai.”..Rodopiava e cantava, encerrando a música com uma ameaça: “Se um dia ela descobre, coitadinho do papai”...Marlene com o tempo se destacou no rádio e se transformou na grande intérprete que o Brasil inteiro conheceu e admirou. A história tem um fundamento, pois, era comum o homem anunciar em casa – vou sair para comprar cigarros...o fato é que comprava cigarros, ficava com os amigos, tomava cerveja, discutia futebol e...fumava o maço todo! Voltava sem o cigarro e a mulher não gostava da ausência. Lembro-me de Mariazinha, mulher destemida e de voz forte e autoritária, que cansava de brigar com o marido pela demora na compra dos tais cigarros...o fato gerou brincadeiras na família, pois, quando o homem ia sair, a mulher logo perguntava – vai comprar cigarros? Às vezes, entrava outra história: Vou até o posto para abastecer o carro...
Daí, o texto cômico criado pelo marido para implicar com Mariazinha:
Saio pra botar gasolina e comprar cigarros...
E faço dos meus erros motivo de desgosto;
Se acaso eu inalasse, além da fumaça dos carros,
A dos cigarros não comprados em qualquer posto,
Já teria morrido de bronquite, apoplexia ou embolia,
Sequer sem ter um testamento em dia...
Deixando o que não é meu, para quem não é minha,
O que seria um transtorno, pra Mariazinha!