NOTAS DO AUTOR DO LIVRO "CAUSOS VERDADEIROS DO SERTÃO"
Nota do autor
Esta série Coleção Grandes Obras do Pensamento Sertanejo é escrita em homenagem a diversos personagens e suas curiosas estórias do sertão de Pernambuco. Não tenha dúvida, são todas verdadeiras. Aqui, acolá, tem um exagerozinho, mas nada que possa comprometer a veracidade dos fatos.
Neste primeiro livro encontramos basicamente três personagens: Elizão, Elisbão e Xexéu Bandeira. Elizão dispensa comentários, uma vez que, como todos sabem, ele foi o maior jogador de todos os tempos no Brasil. As declarações de Ademir da Guia, Djalma Santos e do próprio Luxemburgo são suficientes para mostrar o talento daquele ícone sertanejo:
Ademir da Guia: O nome Elizão representa para o futebol o que a Ferrari representa para o automobilismo.
Djalma Santos: O futebol tem que agradecer por Elizão nunca ter jogado profissionalmente, pois, nesse caso, as traves teriam que ser de concreto armado, as redes de aço inoxidável e as bolas eu nem imagino de que peste de material deveriam ser pra agüentar um chute da molesta daquele.
Luxemburgo: eu só o vi treinar duas vezes, fez 21 gols em apenas 20 minutos, e devo meu problema da vista hoje a ele, pois tive que olhar tantas vezes de um lado pra outro para acompanhar ele correndo no campo e fazendo gol que fiquei meio zarolho e com miopia.
Quanto a seu irmão Elisbão, ainda hoje a empresas como a Sadia vivem pesquisando para saber como fazer carne de sol de tatu, uma das suas muitas excentricidades. A sua dieta restrita a carne de tatu e suco de fruta-palma é o maior desafio que os monges do Tibet têm encontrado para poder alcançar um estado espiritual tão elevado e ao mesmo tempo original como era o de Elisbão. O Dalailama da Índia e o Dalaibarro da Birmânia, já mandaram muitas expedições para as cidades de Quixaba, Tuparetama e Albuquerque Né, no interior de Pernambuco, buscando encontrar vestígios da família de Elisbão pra descobrir a origem da sua profunda fineza espiritual. Elisbão, realmente uma figura fina e de alma generosa, era tão delicado que chegava a passar três dias sem comer dentro da caatinga de Jurema, em Quixaba, apenas para prender um novilho brabo. Após esse período de verdadeiro jejum ele comia uma bacia de carne de tatu com uma cuia de suco de fruta-palma. Por isso, ele pode ser considerado uma espécie de monge sertanejo, o Monge Elisbão, ninguém poderia pensar em um nome tão original e sugestivo. Tudo isso sem contar que ele deu origem a uma das obras mais famosas de Pavarotti, a Jurema-Boyola-Juerema, um clássico da música contemporânea para Tenor e Platéia.
Xexéu Bandeira ou simplesmente Xexéu, era um personagem de Afogados da Ingazeira que teve suas pesquisas e escritos arquivados na diocese daquela cidade e que só foram descobertos recentemente quando a JAC (Junta Arqueológica Cultural) da ONU resolveu pesquisar seus preciosos escritos. Agradecemos a Xexéu por nos fornecer esse material tão genuíno e verdadeiro de suas pesquisas a respeito desses conterrâneos tão importantes.
Agradeço a Letícia Góes, nossa querida dona Letícia, pela correção dos textos e a tradução para o francês que sairá em breve, a José Góes, nosso amigo Zé de Góes, o homem mais antigo do sertão pernambucano – contam que ele é tão antigo que chegou a conhecer o avô de Elizão quando o mesmo ainda andava de velocípede – pela sua confirmação de todas as estórias que Xexéu cordialmente nos presenteou.
Espero que doravante, esses personagens recebam dos seus patrícios o devido reconhecimento e outros arquivos sejam desenterrados nesse sertão tão rico para engrandecer mais ainda a cultura de todos nós.