NAS FILAS DE SUPERMERCADOS
Nas filas de supermercados,onde somos submetidos à "desgraçeira" da angustiante espera,tudo o que se pode fazer de melhor,na minha opinião,é ligar as antenas e captar os diálogos,as reclamações,as pérolas que espalham-se ao nosso redor.Há que se esperar,mesmo.Se, que haja outra saída,o remédio é seguir a conhecida fórmula:"Quando o estupro for inevitável,relaxe e goze".Assim,selecionei dois episódios que presenciei.É possível até que vocês não achem graça nenhuma.Eu,entretanto,os acho senão engraçados,no mínimo inusitados:
PRIMEIRO:
Duas senhoras idosas,aparentando vir do interior,passavam seus dois carrinhos de compras à minha frente.Logo atrás,eu.Debruçado sôbre o suporte do meu carrinho de compras,esperando chegar a minha vez.Irritado,pois não costumo "relaxar" com facilidade.
As duas senhoras comentam entre si:a alta dos prêços,o calor infernal,a correria de fim de ano,etc...etc...No entorno do caixa,tôda sorte de (uti) e futilidades,penduradas em ganchos a provocar o pecado do consumismo.Dentre tantos,algumas fileiras de preservativos,dêstes com aroma e sabores de frutas.Belíssimos morangos vermelhos,orvalhados,presos às ramagens estampavam-se tentadores sobre o fundo preto das embalagens.
Uma das senhoras prendia sob a axila uma pequena bolsa xadrês.Num dado momento,liberando-lhe do "perfumado" prendedor,abriu o ziper e dando uma conferida no seu poder de compra dirigiu-se à outra dizendo:
_Precisamos levar uns docinhos "pras cianças".
E atacou o prendedor de preservativos retirando mais de uma dezena dêles.
Naquêle instante pensei em alertá-la sobre o equívoco,mas ouvi uma "vózinha",maliciosa vindo lá do fundo da minha consciência:
_Não banque o "xereta",Quem pode garantir que a velhinha não sabe o que está fazendo?Vai que ela seja bem safadinha?!Fica na tua,não abra a boca.
Fiquei ali parado,apenas observando e a imaginar o "triste" desenrolar da história,caso a mulher estivesse mesmo equivocada.
A senhora que passava as compras pelo caixa,resolveu então pedir à atendente que lhe informasse o custo dos famigerados artigos.Ao saber do prêço,ordena quase ríspidamente à outra:
_Muito caro!...Troque por alguns doçinhos mais baratos.
Respirei aliviado,em nome das crianças,é claro.
SEGUNDO:
A fila no açougue do supermercado estendia-se por alguns metros.Ao lado,na seção de frios e panificadora:ninguém.
Carrancudo e azedo,o gerente circulava entre os horti-fruti.
A atendente da panificadora,uma tremenda gata,resolvendo fazer uma média com a gerência passa para o açougue afim de "dar uma mãozinha" aos colegas.
O cliente da vez,um senhor com ares intelectualizados,de quem fui obrigado a ouvir uma longa explãnação sobre os perigos da carne vermelha,os índices de hipertensos e diabéticos pelo Brasil e outras coisinhas "leves" pertinentes ao assunto,sorri para a "gatíssima".
Esta lhe devolve um sorriso e a pergunta:
_Pois não ,senhor?
O intelectual vai em frente:
_Por favor,senhorita...Esta calabresa é picante?
E a pérola vem de imediato:
_Olha!...meu senhor. A gente costuma vendê-la na forma em que se encontra na embalagem,mas se o senhor deseja "picadinha",a gente "pica",sem problema nenhum.
Esta,que não é de supermercado,vai de brinde:
Um caixeiro viajante,ou,vendedor,como queiram fazia o seu itinerário quando seu carro enguiçou numa estradinha de mato,sem nenhum morador por perto.
Irritado,tentava consertar o veículo ao mesmo tempo em que olhava ao seu redor e tudo o que avistava era somente...Mato.
Mexe daqui,mexe dali e...nada.
De repente ouve uma voz forte e meio tremida a lhe dizer:
_Problema no carburador.
Olha para os lados,não vê ninguém,apenas um cavalo branco atrás da cerca,abanando o rabo.
Meio assustado,achando que é alma d´outro mundo,apressa-se e resolve dar uma limpezinha no carburador.
Termina o serviço,bate na partida e eis que o carro funciona!
Alegre,sai para fechar o capô,quando percebe o cavalo terminando de pronunciar:
_Taí!...Eu não falei que era o carburador?
Desesperado,achando que está ficando maluco,acelera e só vai parar na primeira casa de comércio no proximo lugarejo.
Entra assustado,pede um copo d´agua e começa a relatar o que acontecera.
Recostado no balcão,um velhinho lhe ouve com um sorrisinho de desdém entre um e outro gole de cachaça.
e então lhe pergunta:
_Seu môço,me diz uma coisa:O cavalo que lhe falou era preto ou branco.
_Branco,meu senhor!...Branco!...
O velhinho desata numa risada satisfeita:
_Sorte sua moço,ter sido o cavalo branco.Porque o cavalo preto,não entende nada de mecânica.