EU NÃO ODEIO O MEU NOME
Eu não odeio o meu nome. Mesmo com os grandes mal entendidos que já passei, a primeira coisa que vou escrever aqui será sobre ele. Eu me chamo Lucinei. Sei que é meio estranho um nome unissex que por sinal, este é o grande problema. Inúmeras vezes da minha vida, passei por certas complicações com ele. Nas chamadas escolares como por exemplo havia uma Lucinei, é, do sexo feminino mesmo. Isto era uma coisa de louco. Toda vez que a professora chamava Lucinei, eu tinha de perguntar, macho ou fêmea? Só assim para definir qual! O mais estranho mesmo eram nas entrevistas de emprego, porque quando se referiam a mim, acreditavam ser uma linda jovem de vinte e poucos anos.
Certa vez em um casamento fui padrinho. Na hora de assinar o nome no tal livro o padre chamou “pela Lucinei”. É, quando eu fui pegar a caneta ele mandou a minha esposa assinar no meu nome. No meu próprio casamento tive este tipo de problema. Algumas pessoas desavisadas e por sinal penetras ao ver o painel luminoso com nossos nomes pensaram: “Nossa, um casamento lésbico, Gisele e Lucinei”. Posso uma coisa dessas? Sem lembrar as chamadas telefônicas aqui em casa para a “senhora Lucinei”. Estes são alguns dos problemas que encaro até hoje.
Uau Um nome pode sim fazer uma diferença muito grande na vida de alguém. Para se ter noção desta diferença que pode fazer, vamos imaginar o grande Alexandre, sim, O Grande. Vocês já imaginaram se ele não tivesse este nome? E se fosse Rodolfo, O Grande? Ou Fulgêncio, O Grande? Ou pior, Lucinei, O Grande. É, mas teriam outras figuras da história que teriam problemas com o nome. Imaginemos se a princesa Isabel fosse princesa Etelvina? Ou Clotildes. Alóida! Este ultimo parece até um problema mental. Não que eu tenha algo contra estes tipos de nomes, apenas estou acentuando a diferença sonora e legível para estes em caráter de personalidades, é claro. Um Dom Anacreonte como imperador do Brasil seria uma coisa legal!
Ou, melhor ainda, estes nomes para jogadores de futebol. Pense a dificuldade do companheiro de gramado gritando para seu colega que a bola está chegando para ele! — Jacinto, a bola! — Ou avisando que um outro jogador está para surpreendê-lo por trás. — Olha o Pinto! Cuidado com o Rego! — Mas acontece de nomes estranhos principalmente no ramo da bola. Gente, este é certamente um lugar rico para estes nomes. Vou lembrar só alguns aqui, como Richarlisson, Jobisson, Carlos Wando (este é do interior, muito lá pra dentro mesmo. Ainda bem que temos apelidos que conseguem nos salvar, mesmo que para alguns nomes, eles nem existam. Eu nunca tive um. Acho que as pessoas pensaram que Lucinei já foi o suficiente. E olha que nem falei ainda da origem do meu nome. Ele nasceu assim: Meu pai queria Civirino, homenagem a minha avó, credo. Minha mãe queria Wallace ou Lucas. Eu sei, ainda não chegamos a uma conclusão sobre isso. Bem, como eles não chegaram a um acordo, graças a Deus meu pai não ganhou! Meu pai, sim ele, teve a idéia mais louca que já vi, separar por sílabas e sortear os nomes. É, Lu, veio de Lucas. Ci, de Civirino. E agora vocês podem está se perguntando, e o nei? É, este é triste. Tínhamos uma cachorra com o carinhoso nome de Nei. Aí eles acharam sei lá, que seria uma linda homenagem a fiel escudeira da família, que o céu canino a tenha! Pondo o nei em mim! Ficou Lucinei! Mesmo assim eu gosto do meu nome! Mesmo com todas as confusões e reclamações de que ele é estranho, eu o curto! Sou quase único, exceto pelo traficante que vi sendo preso na TV outro dia com o meu nome e uns loucos que montaram uma comunidade com ele também. No fim, eu posso dizer, eu amo o meu nome!