A morte da vaca
Num belo dia ensolarado, no sertão nordestino, Chiquinha e seus pais Maria e Geraldo vão ao cinema pela primeira vez. Maria, ao ver o telão da sala, fica espantada:
- Oh senhor! Eu nunca vi uma televisão tão grande como essa!
E seu marido, concordando com seu espanto, confirmou:
- É muié. Ocê viu como as coisas mudaram?
Chiquinha, tristemente, tira uma fotografia de sua bolsa e chora ao dizer:
- Poxa vida! Sinto tanta farta de minha vaquinha Merlilu... Ela não podia ter se suicidado do décimo andar do galinheiro... Era tão arto...
- Chiquinha, não fique triste, seu pai lhe compra outra vaca assim que ocê fizer quinze anos. – A mãe tenta acalmar a filha.
- Eu não quero saber de outra vaca. A Merlilu era perfeita, dava litros e litros de achocolatado por dia... Nenhuma outra vaca poderá substituí-la.
Geraldo, cansado do filme, reclama:
- Oh! Meu bem! Vamu ir se embora desse lugar! Eu já estou cansado de tanta matança nesse firme de elite.
Logo em seguida, um bêbado pinguço, o famoso Zé do Mato, entra na sala de cinema:
- Eu descobri! A vaca não morreu do décimo andar do galinheiro! Ela morreu de embriaguez. Merlilu estava dirigindo a carroça de leite, quando trombou no galinheiro morrendo na frente de muitas galinhas de família. Isso foi muito triste, prometo não dar mais cachaça pros seus animais.
Todos espantados chegaram à conclusão: Se for dirigir, não beba.
Assim a família foi-se embora e Chiquinha, traumatizada, entrou na cachaça.