SEM(conto)
No livro "Seis Propostas para o Próximo Milênio", do escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985) - série de palestras que não chegou a pronunciar nas Conferências Norton -, o autor refere que teria gostado de compilar uma antologia com os contos mais breves do mundo. Ilustra a idéia com a que se dá como a mais famosa das narrativas do escritor guatemalteco-mexicano Augusto Monterroso (1921-2003):
O Dinossauro
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.
A intenção de Calvino se viu frustrad por não encontrar outras peças com a brevidade e qualidade desta obra prima.
O escritor brasileiro Luiz Arraes compôs 40 variações sobre o texto do mexicano em "Tentando entender Monterroso". Na abertura desta publicação, depois de citar "O dinossauro", comenta que ele é tido como o conto mais curto jamais escrito, e afirma: Não é. O conto "Nada", de Raimundo Carrero, publicado na "Antologia dos contos mínimos", merece esse título.
Não conheço esta obra, contudo, pelo contexto em que está inserida, imagino que se trate de um conto concreto, isto é, título e conto são uno:
"Nada"
Se não for assim, fica aqui a minha leitura como re-escrita dela ou variação do tema.
As bem humoradas variações de Arraes me estimularam a competir com a criatividade destes autores. Creio que consegui escrever o conto mais curto em pelo menos duas línguas (literaturas): portuguesa, castelhana. Ei-lo:
S E M
S I N
A sonoridade produzida na leitura corrida das duas versões é um benefício extra que o aproxima da poesia.
Valerá a pena tentar registrá-lo no Livro dos Recordes? Aguardo comentários dos meus gentis leitores.