Exploração de Noel

Durante toda minha vida eu pedi coisas ao Papai Noel. E esperei que ele viesse um dia e trouxesse o que eu havia pedido. Em contrapartida ele sempre ou esqueceu de vir, ou veio e trouxe algo semelhante, uma espécie de genérico do presente que eu havia pedido. E eu sempre me coloquei em forma de agradecimento igual, por que não tinha ganho exatamente o que eu queria mas era dona de outra coisa mais importante: vida, saúde, afeto da família...enfim, uma vez que existiam pessoas menos favorecidas, eu tinha que agradecer. Mas, a verdade, de fato, ficava a pergunta: mas se Noel faz milagres de Natal, e atende a quem se comporta bem, porque ele nunca atende o que eu peço?

Aos poucos eu aprendi a manifestar meu descontentamento. E, soube logo de cara que, neste mundo, quem expressa descontentamento, mesmo com o Papai Noel, está sujeito a ser recriminado pela opinião pública – afinal, algumas pessoas vivem para contentar os outros, satisfazer o que os outros querem não é mesmo? Para que eu vou querer viver, ter opinião própria, expressar meus sentimentos e pensamentos se não é isso que você pensa, não é mesmo?????

Você mesmo deve estar pensando, e com vontade de falar algo sobre a “coitadinha da escritora aqui deve estar revoltada com alguma coisa, passando por uma fase difícil”, imagina, num país de demagogos alguém falar sobre o que realmente sente? Com certeza é alguém com problemas.

É, realmente eu estou com problemas. Sinto uma enorme vontade de dizer “se dane Noel”, eu quero mesmo o que eu pedi. Não quero artigo de promoção não. Não quero compensação não, quero o que eu tenho direito. Se a vida que me deram, eu quero ela em dose nobre. Vamo, vamo! Bora.....trabalhar véio preguiçoso!!!!!!

Edna Lautert
Enviado por Edna Lautert em 24/12/2009
Código do texto: T1994322
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