HUMOR - Cidade natal – blog de 21.12.2008 (PRL) 

           

Tudo estava pronto, nos seus devidos lugares, para início da prova de português dos candidatos ao emprego no Banco do Brasil, contava-me o Nobre. Muita gente, mais de 500 inscritos para 20 vagas, isso somente na cidade de Limoeiro, terras do coronel Chico Heráclio.



Naquele tempo não havia coisa melhor. Além do bom salário, prestígio e mais alguns direitos: É que as garotas só tinham os olhos para os funcionários do BB. O pessoal da terra ficava “agoniado”, com despeito. Muitas tiveram sorte... outras, não.

Nobre era praticamente noivo lá para as bandas do Recife, mais precisamente Jaboatão, de uma garota de boa família, educada, fiel e não mereceria qualquer deslize de sua parte, porque em caso contrário tudo seria desfeito. Nesse ponto ela era rígida, falara!

Pois bem, o concurso era dos mais sérios, ninguém ousava, sequer, sugerir alguma espécie de fraude, nem pensar. Aliás, quase não se realizava, porquanto marcado para uma época em que, por coincidência, havia sido aceita a renúncia do presidente Jânio Quadros, o homem da “vassoura”, como era conhecido.



O antigo colégio, hoje “Escola Estadual Padre Nicolau Pimentel”, em homenagem a um dos maiores educadores do estado de Pernambuco, fora o local escolhido para aplicação das provas, era muito grande, cabia todo mundo.

Distribuídos os envelopes com aquela rigidez fora dado o sinal de abertura. A primeira questão era uma composição a propósito de um dos temas: “Falar sobre sua terra natal” ou “Lembranças da minha escola”. Meu amigo escolhera o segundo deles, por que mais compatível com a sua inspiração naquele momento. Saíra-se muito bem, “matou a pau” como se diz na linguagem da juventude atual. Tinha tudo a ver com ele, afinal sempre fora um dos melhores alunos no período primário.

Logo após seria iniciada a de matemática. Mas conversando numa rodinha de candidatos sobre a prova, cada um dizendo de sua convicção de que passaria, ouviu-se de um deles, que estava amplamente eufórico, a explicação de que nunca vira questão tão fácil. E dizia que começara da seguinte maneira: “Minha terra não é Natal, mas mesmo assim vou falar sobre ela...”. A gargalhada foi geral, mas logo todos se calaram, a fim de não agredir o colega de concurso.

Nobre me contara que nunca viu aquele amigo no banco, nem mesmo como cliente... Quem sabe não teria recusado a tomar posse!

 

Por hoje é só.

Sem revisão.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 18/12/2009
Reeditado em 01/12/2018
Código do texto: T1984633
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