SE NÃO HÁ REMÉDIO, REMEDIADO ESTÁ?

Naquele dia o psiquiatra havia se ausentado do serviço e mais uma vez aquele doutor clínico atendia a alguns casos mais..."urgentes" da psiquiatria.

Ela entrou e rapidamente se sentou, como se fosse perder a cadeira:

-Bom dia doutor, mas que saudade!-Hoje o senhor está diferente. Se lembra de mim, não se lembra?

Ele assustado não titubeou em responder:

-Claro, dona Rosa, como poderia lhe esquecer?

-Não poderia mesmo doutor, jura?

-Claro que não, me lembro perfeitamente da última vez que a senhora esteve aqui!

-Eu também doutor, nunca me esqueci do senhor! Mas...lembra daquele remédio? Preciso da receita.

-Qual remédio mesmo, dona Rosa?

-Se lembra de mim , mas não se lembra do meu remédio,né doutor?

-É que...

-Não adianta doutor, sei que não se lembra, é sempre assim...

-Mas dona Rosa são tantos os clientes e os remédios...e ademais o seu..

-É doutor, mas se não lembra do remédio, logo, logo sei que não vai mais se lembrar de mim...

-Impossível, já lhe falei dona Rosa!

-Já me falou do quê doutor?

Que é imposs...

-O quê doutor, se lembrar de mim ou se esquecer do meu remédio?

-Dona Rosa eu..

-O quê foi doutor, o senhor lembrou de mim, mas não do meu remédio ou o senhor também não está muito bem?

-Eu...

-Doutor, o senhor precisa daquele remédio, se o senhor lembrasse o nome, foi tão bom pra mim! Graças a ele, eu nunca mais me esqueci do senhor, doutor! Doutor?

-O que foi dona Rosa?

- É o senhor que é o doutor João, não é?

-Sim, acho que sou sim, Dona Rosa! Já não tenho tanta certeza.

-Se esqueceu também do senhor ,doutor? Mas eu me lembro, sei que é o senhor, ah, e muito prazer em lhe conhecer , viu doutor! Sim, e muito obrigada pela receita.

"De médico e de louco todos temos um pouco"

E depois ainda criticam os médicos...que tentam remediar.

Verídico, nomes fictícios.