A VIDA COMO NÃO DEVERIA SER...

'"Tenho um asssunto para os seus textos..." ela me disse.

Se existem acontecimentos que mexem com a "psique" das pessoas acredito que nenhum deles ganha do stress das separações.

E a protagonista desta minha crônica é uma grande amiga que dia desses me contava, numa narração muito divertida, sobre o incidente dum telefonema que recebeu do ex-marido.

E tem algo que é muito interessante nessa dinâmica dos separados: muitas pessoas depois que se separam se transformam da noite para o dia, e de fato parecem outras, assustam, e a gente fica se perguntando se mudaram, se só se revelaram no tempo, ou se o "ämor", aquele que permeia o depois das paixões, realmente cega os interlocutores dos sentimentos.

Bem, o fato é que ele era um homem introspectivo, tímido, daqueles que aprendeu que "homem que é homem" não sente. E se sente, fica mudo. Nada de ficar se declarando assim, sem mais nem menos...Afinal se casou é porque gostou, certo? Já não estaria de bom tamanho?

Bom, muito errado, jamais estará de bom tamanho para uma mulher romântica, isso sim! Porque mulher alguma resiste ao mutismo masculino. Tem que falar com a boca...não adianta só gestos e flores!

Essa tal dificuldade de se expressar nos sentimentos , aliás muito comum,é algo que nenhum relacionammento aguenta, é desgaste na certa!

E foi assim que me confessou meio decepcionada:" sabe, ele já aprendeu, alguém deve ter ensinado pra ele..."

"Ensinado o quê, mulher"-lhe perguntei. "A falar, ora!"-me disse atônita e inconformada.

Entáo, explicou-me que ao atender o seu celular reconheceu uma voz rouca, toda sensual do lado de llá, mas de timbre pra lá de familiar, que assim lhe soou: "öi amooooorzinho, já tá pronta?"

Claro que num ato falho ele havia errado o número do telefone e ao invés de ligar para a namorada ligou para a ex -mulher.

"como é que é, amorzinho, eu?" respondeu ela na lata!

Puro ato falho...daqueles da memória BEM remota, claro!

E totalmente indignada ela me perguntou: "nossa, ele estava tão rouco, mas era ele sim, tenho absoluta certeza, dissimulado, pediu desculpas e disse que era engano, que será que deu nele, hein, quem foi que conseguiu tanto milagre? me disse num tom pra lá de cínico.

Bom, amigos são amigos, então para não piorar sua raiva, logo expliquei: ah, não liga, o lapso de memória já é da idade, claro...e a rouquidáo, bom, só pode ser vírus, logo, logo passa!

E o pior é que passa mesmo, quem nào sabe...

Verídico e pedagógico...como é a vida...