Inovação Nacional
“Inovação Nacional” era o nome da empresa de comunicação que Paulo abriu em janeiro. Contratou gente solícita e comunicativa, desde a copeira até o gerente geral, e ia de vento em popa.
Betinha, a telefonista, era um caso à parte. Era alegre, bem humorada e tinha uma voz deliciosa, com a qual os clientes se encantavam. Alguns mais salientes ligavam apenas para ouvi-la dizer: “Inovação Nacional, bom diaaa!!”, e desligavam.
E, além de uma bela voz, Betinha adorava inovar mesmo. Certo dia, os clientes foram surpreendidos com uma saudação ainda mais animada:
- I-ENE, BOOOOM DIAAAA!!!!”
E assim a empresa começou a ser conhecida pela sigla.
Mas de “I-Ene” para “In” foi um pulo. Paulo achou que a troca havia sido uma grande sacada: iene era o nome da moeda japonesa, enquanto In significava uma empresa “por dentro”, antenada, moderna... e Betinha quase pulava da cadeira a cada ligação atendida:
- IN, UÓÓÓÓTIMO DIAAAAA!!!!
Porém, repentinamente, a partir de dezembro as ligações passaram a rarear. Aquele estava sendo o mês mais fraco do ano, e em breve iriam fechar no vermelho se algo não fosse feito. Paulo debruçou-se no balcão da recepção, pensativo, enquanto Betinha lixava as unhas. De repente o telefone toca, e Betinha, animada como no primeiro dia, atende num pulo:
- IN, FELIIIZ NATAAAAL!!!!
Até hoje ela não entendeu muito bem aquela crise histérica de seu chefe, chorando e rindo mesmo tempo. Mas até que gostou da transferência, porque quando atende o telefone no novo setor ainda pode exercitar sua bela voz: INNNNN-FORMÁTICAAAA!
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Um Infeliz Natal.
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