O POVO SEMPRE TEM RAZÃO...
Uma fila enorme composta por jovens e adultos de todas as idades se formava na frente da primeira livraria e bazar existente naquela comunidade.
Devido à algazarra e a euforia das pessoas ali presentes, imaginava-se, em princípio, que elas pretendessem realizar grandes compras de livros didáticos e de material escolar, tamanha era a quantidade de caixas de mercadorias que acabava de chegar à loja.
Ledo engano. Além da realização de suas eventuais compras, as pessoas também queriam conhecer o “potencial literário” do letrista incumbido de estampar o nome da nova loja na fachada do prédio.
Todos esperavam que o nome que estava estampado na parte alta da fachada da loja, protegido por uma camuflagem de pano, estivesse escrito corretamente, fato não muito comum nos letreiros e cartazes que foram produzidos, até então, naquela cidade.
Pelo que se podia ver naquele momento, era a primeira vez que um letrista novato tinha vindo de fora para escrever um nome fantasia na fachada de um estabelecimento comercial.
- Tomara que após a conclusão do seu trabalho não haja a necessidade de uma correção posterior – murmurou o representante de uma igreja cristã que passava no local.
Enquanto a multidão se acomodava aguardando a inauguração da loja, o letrista chegava acompanhado do proprietário e tratou de retirar a faixa de pano que encobria o letreiro e lá estava escrito em letras bem trabalhadas a expressão “Livraria e Bazar Aguia de Ouro”, sendo muito aplaudido.
Um professor de português ficou curioso ao ver o letreiro pronto e, chamando a atenção de um dos seus alunos ali presente, fez a seguinte observação:
- Este profissional das letras está de parabéns. É uma pena que ele tenha omitido o acento gráfico de uma das palavras - contemporizou.
De forma sutil ele embrenhou-se em meio à multidão e logo tratou de fazer o seu papel de educador. Aproximou-se do letrista, se apresentou de forma discreta e repetiu o comentário que havia feito anteriormente a um dos seus alunos:
- O senhor está de parabéns pelo trabalho que acabou de realizar. Não fosse a omissão de um acento gráfico na palavra “Aguia”, eu lhe daria nota 10 - pilheriou.
O letrista agradeceu a preocupação do professor para com a realização do seu trabalho e disse sorrindo:
- Professor, não se faça de rogado. Pode dar a sua nota máxima, pois o nome fantasia que eu recebi do proprietário da loja está escrito corretamente.
Analisando melhor o texto agora - disse o letrista - eu reconheço que está faltando apenas um acento agudo na letra "u" da palavra "Aguia".
E prosseguiu com suas explicações gramaticais:
- Para seu governo, esse nome não tem nada a ver com a grande ave de rapina que devora os cabritos e os patos dos fazendeiros da região.
- Na verdade, o nome está se referindo àquela hastezinha fina de aço, aguçada numa das extremidades e com um orifício na outra, pelo qual se enfia linha, fio, lã, etc., para coser, bordar ou tecer.
- Ademais, meu caro professor, se ele estivesse escrito de forma errada essa multidão já teria me crucificado. O senhor não acha que eu estou certo? - questionou.
O professor percebeu que estava sozinho naquela empreitada e para não ser ridicularizado pela multidão ali presente, acaso ela fosse consultada por ele, despediu-se do letrista dizendo:
- Por favor, não leve a sério o meu comentário. Deixe seu letreiro da forma que está, caso contrário, o seu público não iria me entender...
Uma fila enorme composta por jovens e adultos de todas as idades se formava na frente da primeira livraria e bazar existente naquela comunidade.
Devido à algazarra e a euforia das pessoas ali presentes, imaginava-se, em princípio, que elas pretendessem realizar grandes compras de livros didáticos e de material escolar, tamanha era a quantidade de caixas de mercadorias que acabava de chegar à loja.
Ledo engano. Além da realização de suas eventuais compras, as pessoas também queriam conhecer o “potencial literário” do letrista incumbido de estampar o nome da nova loja na fachada do prédio.
Todos esperavam que o nome que estava estampado na parte alta da fachada da loja, protegido por uma camuflagem de pano, estivesse escrito corretamente, fato não muito comum nos letreiros e cartazes que foram produzidos, até então, naquela cidade.
Pelo que se podia ver naquele momento, era a primeira vez que um letrista novato tinha vindo de fora para escrever um nome fantasia na fachada de um estabelecimento comercial.
- Tomara que após a conclusão do seu trabalho não haja a necessidade de uma correção posterior – murmurou o representante de uma igreja cristã que passava no local.
Enquanto a multidão se acomodava aguardando a inauguração da loja, o letrista chegava acompanhado do proprietário e tratou de retirar a faixa de pano que encobria o letreiro e lá estava escrito em letras bem trabalhadas a expressão “Livraria e Bazar Aguia de Ouro”, sendo muito aplaudido.
Um professor de português ficou curioso ao ver o letreiro pronto e, chamando a atenção de um dos seus alunos ali presente, fez a seguinte observação:
- Este profissional das letras está de parabéns. É uma pena que ele tenha omitido o acento gráfico de uma das palavras - contemporizou.
De forma sutil ele embrenhou-se em meio à multidão e logo tratou de fazer o seu papel de educador. Aproximou-se do letrista, se apresentou de forma discreta e repetiu o comentário que havia feito anteriormente a um dos seus alunos:
- O senhor está de parabéns pelo trabalho que acabou de realizar. Não fosse a omissão de um acento gráfico na palavra “Aguia”, eu lhe daria nota 10 - pilheriou.
O letrista agradeceu a preocupação do professor para com a realização do seu trabalho e disse sorrindo:
- Professor, não se faça de rogado. Pode dar a sua nota máxima, pois o nome fantasia que eu recebi do proprietário da loja está escrito corretamente.
Analisando melhor o texto agora - disse o letrista - eu reconheço que está faltando apenas um acento agudo na letra "u" da palavra "Aguia".
E prosseguiu com suas explicações gramaticais:
- Para seu governo, esse nome não tem nada a ver com a grande ave de rapina que devora os cabritos e os patos dos fazendeiros da região.
- Na verdade, o nome está se referindo àquela hastezinha fina de aço, aguçada numa das extremidades e com um orifício na outra, pelo qual se enfia linha, fio, lã, etc., para coser, bordar ou tecer.
- Ademais, meu caro professor, se ele estivesse escrito de forma errada essa multidão já teria me crucificado. O senhor não acha que eu estou certo? - questionou.
O professor percebeu que estava sozinho naquela empreitada e para não ser ridicularizado pela multidão ali presente, acaso ela fosse consultada por ele, despediu-se do letrista dizendo:
- Por favor, não leve a sério o meu comentário. Deixe seu letreiro da forma que está, caso contrário, o seu público não iria me entender...