ENTRE QUATRO PAREDES...DE "DRY WALL"

Acredito que quem mora em apartamento compreenderá perfeitamente

o que tenho a relatar, e a ideia do assunto para a presente crônica de humor VERÍDICO, eu devo à furadeira do meu vizinho de cima, que hoje brilhantemente finalizou o meu áudio " ABAIXO AS MOTO-SERRAS ", aonde canto uma bonita canção da MPB " O CIO DA TERRA". Entrou na hora exata...como uma perfeita mensagem ecológica.

Aliás, eu ainda não tinha título para o meu áudio, MAS ACHEI QUE A IDÉIA DO MEU VIZINHO FOI GENIAL, eita que gente que destroi paredes!

E por falar em paredes (e em cio), aproveito para perguntar aos ENTENDIDOS: Mas afinal, o quê há com as paredes das construções de hoje em dia?

A vedação acústica dos imóveis de ultimamente, INEXISTE, deve ser coisa da praga da moderna "dry wall"; e para ilustrar o problema, certa vez ,num outro endereço, comecei a ferver meus nervos por um problema muito comum, cuja culpa deveria ser da construtora.

Eu explico: é que tenho o sono mais leve que o voo dum passarinho...e quase todas as noites eu acordava lá pelas tantas da madrugada com aquele barulhinho no banheiro do vizinho de cima, oriundo da trajetória em parábola do seu jato urinário.Eu sabia até o quanto ele tinha ingerido de água!

Eu nunca vi, claro, mas pela acústica tratava-se dum perfeito jato, para urologista algum botar defeito.

Gente , quem tinha um vizinho daquele, nem precisava de despertador, porque para piorar a insonia, ele ainda arrematava o meu despertar noturno com aquela puxadinha básica na válvula hidra.

Mas depois percebi que tal fato seria o de menos, porque minha insônia não pararia por alií: Ele arranjou uma namorada, que toda sexta ia lhe visitar. E eu com isso? Pois é, pensam que atento para a vida dos outros? Não, não atento não!.

É que precisaria ser surdo para não escutar a animação daquela moça pelo fim de semana afora...

À exata hora da noite, antes daquele "barulhinho", o meu teto chacoalhava, a cama deles chiava bem ao pé do nosso ouvido,meu lustre balançava, a lãmpada piscava e as "onomatopéias de amor" (da moça, porque dele não se ouvia um ai!) ecoavam pela rua...no silêncio da noite. Parecia abalos sismológicos.

A moça espalhafatosa ficou famosa no prédio..e eu cada semana mais desesperada! Passei a odiar as sextas- feiras.

Aquela animação toda não poderia ser "verdadeira". Perto daquela mulher, mulher alguma seria normal..muito menos eu, com aquela raiva toda!

Ou então, aquele homem tinha algo mais espetacular do que a sua parábola...

Certa vez a minha filha, ainda menina, acordou assustada..."mamãe, o que está acontecendo lá em cima?".

E eu é quem ia saber? Só sei que precisava dormir, acordava cedo para trabalhar, mas estava numa situação delicada.Quem sabe pedir silêncio ao sindico no livro de ocorrências do condomìnio? Ou uma carta da administradora.Quem sabe uma multa para...onomatopéias noturnas que desrespeitam a lei do silêncio?

"Senhores moradores do 114, favor serem mais...mais o quê?"

Não, não seria por aí. Enfim, assumi o suplício, afinal, cada um com o seu.

Mas houve um dia em que entrei em pânico, aquilo já seria demais!

Foi quando recebi MINHA sentença final: soube que iriam se casar.

EU ESTAVA DEFINITIVAMENTE ANIQUILADA!

Não dormiria nunca mais, e pelo visto...nem eles!

Pensei em me mudar, e de fato depois de alguns anos nos mudamos de lá.

Mas tenho que aqui deixar um depoimento incrível e MUITO verdadeiro: depois do abominável casamento, eu nunca mais ouvi sequer um pio!

MEU QUARTO NUNCA MAIS TREPIDOU. Uffa!Os terremotos acabaram.

Acho que aquela moça perdeu a voz... de tanta emoção.

Depois que casou..tudo se calou, e rapidinho.Que coisa, não?

E eu finalmente recuperei o sossego das minhas noites.

Santo casamento, não tenho como negar!

Quando nos mudamos, deixei bem claro: se for de dry wall eu tô fora!

E tem mais: exiji a certidão de casamento do meu novo vizinho de cima! Aconselho todos a fazer o mesmo.

VERÍDICO.

Nota: Meus sinceros agradecimentos ao vizinho de cima por me ter feito relembrar dessa história...