O KIT-KAKA
Numa cidadezinha do interior, a Câmara dos Vereadores se reúne para uma sessão ordinária.
Depois das considerações preliminares, dos comentários das últimas novidades, o tempo, negócios, política, futebol, viagens, mulheres. . .alguém lembrou:
- Que temos de importante para resolver hoje?
Antes que mais alguém respondesse o vereador nº. 1 que, momentos antes pisara em algo estranho na calçada da rua e, agora, estava com a sola do sapato desagradavelmente pegajosa e malcheirosa, exclamou:
-Precisamos fazer uma lei proibindo a criação de cachorros na cidade. Só no ano passado, segundo estatística do Pronto Socorro mais de 300 pessoas passaram por lá com mordidas de cachorro. Houve até mortes!
O vereador nº. 2 que tem oito cachorros no fundo do quintal protestou:
- Isto é um absurdo! Dentro de seu próprio quintal cada qual pode ter quantos cachorros quiser.
- É, mas quando um deles escapa e mata uma criança como é que fica?
- Fica por isso mesmo. Foi um acidente. Essas coisas acontecem. . .
- E o dono do cachorro, simplesmente, diz `` sinto muito ``?
- E o que mais ele poderia fazer?
- O nº. 1 percebe que não vai conseguir nada. A maioria dos colegas gosta de cachorro e os que não gostam também não desgostam.
Mas ele estava p da vida com o que acabava de lhe acontecer e, sem querer entrar em detalhes, continuou:
- É uma vergonha! Esses caras saem passear com os seus cachorros e nem se são ao trabalho de limpar a sujeira que eles fazem.
- Bem, ponderou o outro, agora sim, você tem razão, vamos resolver de vez esse problema, alguém tem uma sugestão?
- Poderíamos obrigar o uso de fraldas nos caninos.
- Eu acho que não daria certo.
- Que tal a gente bolar um kit com uma vassourinha, uma pá e um saquinho, tudo acondicionado em uma sacolinha elegante que todo mundo gostaria de trazer a tiracolo?
- Eu acho a idéia genial. A prefeitura poderia fornecer gratuitamente, e colocar uma propagandazinha dos candidatos à próxima eleição.
- Eu acho melhor que a Prefeitura venda e a renda reverta para um aumento de nossos salários.
- Melhor ainda! Mas, será que as pessoas comprariam?
- Claro que sim. A gente fazia uma lei obrigando seu uso e multando quem não usasse.
Mais uma rendazinha para nossa caixinha.
- Ótimo! Vamos cuidar disso imediatamente.
- Ah! Hoje não dá mais. Faltam só quarenta minutos para encerrarmos o expediente, fica para a próxima sessão.
- Eu acho que a gente podia convocar uma sessão extraordinária. Resolveríamos este problema e ainda ganharíamos o extra.
- Eu acho excelente!