ZÉ DO BURRO

No Cedro (hoje Caetanópolis), minha terra natal, existia um velho esperto conhecido como “Zé do Burro”, pois vivia puxando um burrico pelo cabresto.

Subia e descia a rua principal da cidadezinha, levando sua alimária, cumprimentando as pessoas que o saudavam com simpatia.

“- Boas tardes, “Seu” Zé !”

“- Boas tardes, minha gente!”, devolvia o Zé, sempre afável e sorridente.

Uma vez, contam, veio vindo um senhor de Paraopeba dirigindo um jipe, levantando poeira vermelha na estradinha que ligava os dois lugarejos. Ao passar pelo “Zé do Burro” este fez sinal e o jipe parou.

“- Bons dias, compadre. Me dá uma carona?”, pediu o Zé.

“- Tudo bem, mas ... e o burro?”, falou o motorista.

“- Ah, ele vai junto, não se preocupe.”, respondeu o velhote.

Aberta a porta do jipe, nosso homem entrou, segurando o cabresto do burrico pela janela e determinou:-

“- Pode tocar, moço.”

O motorista arrancou devagar e o burrico saiu trotando ao lado, puxado pelo cabresto e conduzido pelo Zé. Daí a pouco, o Zé falou:-

“- Moço, pode andar mais depressa. O meu burro agüenta o tranco.”

O motorista trocou de marcha e acelerou um pouco. Olhou pelo retrovisor e viu o animal colado no jipe, bem à vontade. O Zé, notando a cara de surpresa do companheiro, lhe disse:-

“- Compadre, pode dar tudo que o meu burro agüenta, eu já disse.”

O homem botou marcha de velocidade e pisou fundo no acelerador. Daí a instantes, olhou de novo pelo retrovisor e viu o burrico galopando bem ao lado, com a língua de fora. Virou-se para o carona:-

“- Olha aí, eu não disse? O animal está com a língua de fora. Ele não vai agüentar!”

“- Pra que lado a língua dele tá virada?”, indagou tranqüilo o Zé do Burro.

“- Pra esquerda ...”, falou o condutor do jipe.

“- Pois ele tá dando sinal! Fica esperto que ele vai te ultrapassar! ...”, devolveu de pronto o sossegado Zé do Burro.

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 05/08/01

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 13/11/2009
Código do texto: T1920635
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